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  • hikafigueiredo

"Os Doze Condenados", de Robert Aldrich, 1967

Filme do dia (423/2020) - "Os Doze Condenados", de Robert Aldrich, 1967 - EUA, 1944. O controverso Major Reisman (Lee Marvin) é destacado para coordenar uma missão suicida: treinar e liderar doze homens condenados à prisão perpétua ou morte para invadirem um castelo na Alemanha onde estarão reunidos dezenas de oficiais nazistas. Em contrapartida, se obtiverem sucesso, os condenados terão sua pena comutada.





Com a mais pura e evidente intenção de ser mero entretenimento, o filme, em momento algum, almeja tornar-se vetor de questionamentos acerca da guerra. A obra não levanta nenhum tipo de problematização e, na realidade, sequer retrata as mazelas decorrentes dos conflitos armados. Tudo, aqui, resume-se ao treinamento e a missão e a guerra é quase uma desculpa para o confronto entre dois grupos. Claro que a história é bem maniqueísta - o grupo dos "mocinhos", embora formado por condenados por diferentes motivos, é cheio de virtudes e o espectador é levado a torcer por ele - até porque, do outro lado, temos nazistas, os vilões por excelência. Mas, analisando um pouco além, nos deparamos com um pequeno dilema moral da obra: se a missão fosse um sucesso e os condenados voltassem do embate vivos, teriam suas penas comutadas, retornando à sociedade, independente de seus crimes - pois bem, a história, toda maniqueísta, devolveria à sociedade um grupo de criminosos, algo que talvez não fosse bem visto pela plateia daqueles hipócritas anos 60. Diante de um resultado não muito popular, o roteirista resolveu o dilema moral do filme maniqueísta com uma solução, no mínimo, desleal - que eu não vou revelar para não dar spoiler rsrsrsrsrs - e que me causou alguma indignação. Mas admito que essa é uma leitura bastante pessoal, provavelmente a grande parte do público nem vai se ater a estes detalhes e vai mais é curtir o confronto entre os dois "times". Para não dizer que o filme não traz nenhuma crítica, eu diria que a última cena tem um cutucão bem dado naqueles que ficam atrás de suas cadeiras, dando ordens, enquanto a soldadesca serve de bucha de canhão. No final das contas, esse é daqueles filmes para se envolver com os personagens e torcer por eles, como tantos por aí - e faz isso com habilidade, até mesmo porque a história gasta um bom tempo nessa conquista do público com relação aos condenados ao focar bastante no treinamento. A obra se empenhou bastante nos quesitos técnicos, com destaque para a edição de som, pela qual chegou a ser agraciada com um Oscar nessa categoria. O elenco traz nomes famosos como Lee Marvin, Ernest Borgnine, Charles Bronson, Telly Savalas, Donald Sutherland, Trini Lopez, mas quem se destaca é John Cassavetes (sim, mais conhecido como diretor de cinema do que como ator) no papel de Franco, pelo qual foi indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro na categoria de Ator Coadjuvante. O filme é tão divertido quanto inverossímil (a cena dos "jogos de guerra" chega a ser absurda, e não é a única assim), mas conquista fácil o espectador. Também não é um filme para ficar na memória, é apenas gostosinho. Sem qualquer compromisso, pode ir na fé.

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