Filme do dia (175/2020) - "Os Nibelungos - A Morte de Siegfried", de Fritz Lang, 1924 - O destemido Sigfried (Paul Richter) ouve falar da bela princesa Kriemhild (Margarete Schön), partindo para as terras de Worms, decidido a conquistá-la.
A obra é a primeira versão cinematográfica da lenda "Os Nibelungos", uma epopeia heroica nórdica datada dos tempos medievais. É considerada uma das mais importantes produções do Expressionismo Alemão, tendo sido dividida em duas partes: "A Morte de Siegfried" e "A Vingança de Kriemhild". Fiquei em dúvida se escrevia acerca de cada parte, ou se as considerava como peça única, mas como foram lançadas em momentos diversos, acabei preferindo escrever sobre cada uma das partes em postagens diferentes. Sentei para assistir a "A Morte de Siegfried" muito temerosa, afinal é um filme mudo de 150 minutos acerca de uma lenda épica. Que bobagem. O filme é maravilhoso, fiquei completamente tomada pela narrativa, mesmo contendo o spoiler do título. Uma coisa que me chamou muito a atenção na história é a mulher como causa dos acontecimentos - Siegfried começa sua epopeia por desejar conquistar Kremhild; Gunther condiciona o casamento de Kriemhild à ajuda na conquista da rainha Brunhild. Eu queria desfiar um rosário de análises acerca da narrativa, em especial relacionadas às figuras femininas, ainda mais especificamente relacionada a Brunhild, sob uma ótica contemporânea de viés feminista, mas não consigo fazer isso sem revelar a história inteirinha, acabando com o prazer dos eventuais espectadores. Então, só chamo a atenção para as razões relacionadas à personagem Brunhild e deixo para que cada um formule a sua leitura acerca do assunto. A obra é dividida em VII Cantos que acompanham os feitos de Siegfried até sua queda. Achei incrível os esforços mobilizados para a realização da obra - temos inúmeras cenas de planos gerais envolvendo locações reais e grande número de figurantes e até o uso de efeitos especiais rudimentares, como a dupla exposição do negativo, o uso de animação (o sonho de Kriemhild), chegando à criação de um boneco animado, muitíssimo bem feito para a época, para a cena do dragão. A fotografia P&B é muito contrastada, ajudando a criar atmosfera, junto com a trilha sonora que acompanha as imagens, muitas vezes no tom épico que a história exige. As interpretações seguem o estilo da época - são bem teatrais, ainda que exista a preocupação em trazer certas sutilidades no olhar e nos semblantes. Gostei do trabalho de Margarete Schön como Kriemhild - ela tem algo na aparência que me remete às pinturas medievais góticas e seu olhar é bastante expressivo; Também gostei do trabalho de Paul Richter como Siegfried, ainda que ele esteja sempre envolto em uma certa alegria esfuziante que eu achei meio exagerada; mas eu achei ainda melhores as interpretações de Theodor Loos como o fraco Rei Gunther, com sua expressão corporal e facial de eterna derrota, e, no seu oposto, de Hanna Ralph como a Rainha Brunhild - a atriz exala força, determinação e honra, adorei a personagem e a atriz. O filme é realmente excelente e eu estou ansiosíssima para ver a segunda parte. Recomendo muito!!!!
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