Filme do dia (16/2022) - "Os Rapazes da Companhia C", de Sidney J. Furie, 1978 - EUA, 1967. Cinco jovens são convocados a servir o exército em plena Guerra do Vietnã. Após o período de dois meses de treinamento, os rapazes são enviados ao front, onde terão de colocar a prova não somente seus conhecimentos, mas, ainda, a lealdade de seus companheiros.

Esta obra sobre a Guerra do Vietnã foca a trama em um grupo de cinco jovens que entram para o exército dos EUA, seja por terem se alistado ou por terem sido convocados. Logo as diferenças entre os cinco rapazes ficarão evidentes, o que terá de ser superado, uma vez que terão de conviver enquanto estiverem na mesma companhia do batalhão. Após seu treinamento, os jovens são enviados ao Vietnã - e aí que começa a parte mais intensa da obra, pois será nas adversidades que os soldados mostrarão a lealdade para com seus companheiros. O filme, assim, é basicamente uma história sobre juventude, amizade, companheirismo e lealdade, muito mais do que sobre a guerra em si. Ainda que, ao longo do filme, apareçam, aqui ou ali, momentos em que são colocadas em dúvida a coerência e competência dos comandantes, isso surge como questão pontual daquelas pessoas - em outras palavras, não há, aqui, uma crítica direta à Guerra ou às suas motivações. Não se discute, na obra, os absurdos desta ou de qualquer outra guerra, muito menos a imoralidade de uma potência como os EUA estar invadindo um punhado de povoados paupérrimos do outro lado do globo. É, por assim dizer, um filme meio "chapa branca" e se ele não chega a fazer apologia direta ao militarismo e à Guerra do Vietnã, tampouco coloca-se contra tais questões. O que temos, na realidade, é uma visão romântica acerca do tipo de amizade que surge nos campos de batalha - algo que eu, nem de longe, aplaudiria, mas que é, com frequência, festejado por quem não vê a estupidez de um combate. A narrativa é linear, em ritmo intenso. A atmosfera é mais agradável do que deveria ser uma obra sobre uma sangrenta guerra - aviso que sou partidária de filmes que mostram a podridão da guerra, daqueles que nos fazem sentir mal e ter asco de qualquer confronto, nos moldes de "Apocalipse Now" (1979), "Vá e Veja" (1985) ou "O Medo" (2015). Tecnicamente, a obra não se apresenta como excepcional. A fotografia colorida é apagada, "lavada", pouco contrastada e saturada, algo bastante comum nos filmes setentistas, saiba-se lá por quê. Toda a linguagem utilizada é bastante convencional, os planos e posições de câmera são óbvios e pouco criativos. É uma obra bem comercial, não há nem cheiro de qualquer detalhe mais autoral. O destaque da trilha sonora fica por conta de algumas músicas tocadas no violão pelo ex-hippie do grupo, o personagem Bisbee (a parca crítica à guerra que aparece surge nas intervenções deste personagem, mas são, definitivamente, muito sutis e pontuais). O elenco traz o ator negro Stan Shaw no papel de Tyrone Washington - o personagem, um ex-traficante, acostumado a lutar pela sobrevivência desde cedo, mostra-se o mais adaptado àquele ambiente e torna-se o líder do grupo, otimamente interpretado por Shaw; Andrew Stevens interpreta o soldado Billy Ray Pike, um jovem que se alistara por acreditar ser esse seu dever - o ator está tão bem no papel que foi indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator Estreante (1979); Michael Lembeck interpreta o personagem Vinnie Fazio, James Canning, o soldado Alvin Foster e Craig Wasson o ex-hippie Dave Bisbee. Apesar de ser um filme fácil de acompanhar, não é o tipo de obra que me agrade, já que não faz a crítica que eu acharia pertinente quanto à Guerra do Vietnã (o devido mea culpa). Também está longe de ser uma filme excepcional, ou mesmo marcante, e dificilmente ficará marcado na minha memória. Só recomendo para aficionados no tema.
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