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  • hikafigueiredo

"Pai e Filha", de Yasujiro Ozu, 1949

Filme do dia (37/2020) - "Pai e Filha", de Yasujiro Ozu, 1949 - Noriko (Setsuko Hara), aos 27 anos, vive com seu pai viúvo. Apesar da insistência do pai e da tia, Noriko não pensa em casar para não deixar seu pai só, o que aflige seus familiares.






Como todos os filmes do diretor, este também é de uma sensibilidade e uma delicadeza raras. Ozu, via de regra, extrai lindas obras da vida cotidiana, filmes que tratam de acontecimentos corriqueiros, de pessoas comuns, de vivências que não tem nada de extraordinário. É incrível a facilidade que o diretor tem em ver e extrair poesia da vida mais banal, poesia esta que foge aos olhos de quem vivencia o comum e que só percebe a beleza da vida através de artistas como Ozu. Esta obra trata exatamente dessa vivência comezinha, discorrendo sobre a relação de pai e filha, sobre o amor filial e paterno e, acima de tudo, sobre os sacrifícios que pais e mães fazem por seus filhos, sobre os atos altruístas que são feitos em prol dos filhos. O ritmo extremamente lento, outra característica das obras de Ozu, também está presente, assim como os "vazios" que apenas dão a medida do tempo que passa (sobre isso, o conceito de Ma japonês, vale a pena ver o vídeo "Hayao Miyazaki: A importância do vazio" que fala acerca das ausências que revelam algo e da importância da contemplação - procurem no Youtube, não é longo). No elenco três "queridinhos" de Ozu: a atriz Setsuko Hara, fantástica na sua interpretação de Noriko - destaque para a cena do teatro, onde uma avalanche de emoções é transmitida sem que uma única palavra seja dita, e para a cena do diálogo entre Noriko e seu pai; Chishu Ryu como o pai - destaque para a última cena; e Haruko Sugimura como tia de Noriko (os três são intérpretes recorrentes nas obras do diretor). Belíssimo filme, principalmente no seu terço final. Recomendadíssimo.

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