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“Palestina 36”, de Annemarie Jacir, 2025

  • hikafigueiredo
  • há 9 horas
  • 2 min de leitura

Filme do dia (120/2025) – “Palestina 36”, de Annemarie Jacir, 2025 – Oriente Médio, 1936. A Inglaterra domina a região da Palestina, impondo leis que desrespeitam as tradições locais pertinentes às propriedades rurais e cedendo terras a colonos judeus vindos da Europa. Os representantes palestinos iniciam tratativas com a Inglaterra, mas tudo indica que ela não cederá aos seus apelos, abrindo espaço para a rebelião dos nativos.


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Existe a lenda de que a ocupação da Palestina se iniciou após a tragédia do Holocausto, quando da criação do Estado de Israel. Esse filme histórico vem para corrigir esse equívoco, retratando como se iniciou a colonização daquela região por judeus com o apoio da Inglaterra na segunda metade da década de 1930. O ano é 1936 e boa parte do Oriente Médio estava sob o domínio da Inglaterra. Enquanto nas cidades uma elite árabe mantinha um contato cordial com os colonizadores europeus, no campo, o tratamento inglês aos trabalhadores rurais palestinos já demonstrava certo apego ao autoritarismo e à força. Paulatinamente, a Inglaterra começou a criar colônias de judeus em terras originalmente ocupadas por colonos palestinos, enquanto criava leis prejudiciais aos últimos. Os palestinos tentaram diálogo com a Inglaterra, pediram leis de proteção, mas a Inglaterra respondeu aumentando os territórios destinados às colônias judias. Expulsa de suas terras, parte da população palestina começou a se rebelar, voltando-se contra os colonizadores ingleses, os quais responderam com violência e dando início aos conflitos que subsistem até hoje. Prepare o estômago e o coração. O filme é um soco bem dado na nossa cara e revela – mais uma vez – o quanto o colonialismo europeu foi responsável pela maior parte dos conflitos existentes entre povos diferentes pelo mundo afora. A narrativa acompanha os moradores de uma pequena aldeia encravada na região da Palestina que, há gerações, possuía plantações naquelas terras. Sem qualquer consulta, negociação ou compensação, a Inglaterra fomentou a imigração de judeus para a região, cedendo terras que não lhe pertenciam, ao seu bel-prazer, para que colônias judaicas fossem ali implantadas. Evidentemente, os nativos se posicionaram contra a subtração de suas terras e a resposta inglesa foi violenta e desproporcional. Quanto mais os palestinos se rebelavam, mais brutal a Inglaterra se tornava – e mais terras eram subtraídas e entregues às colônias dos judeus. O que vemos na tela é tão violento, injusto e cruel que o espectador sai indignado do filme. A narrativa é linear, em ritmo intenso e crescente. A atmosfera é de tensão e revolta. Destaque para a bela fotografia e para o desenho de produção de época minucioso. O elenco, enorme, traz Jeremy Irons como Alto Comissário Arthur Wauchope, Liam Cunnigham como Charles Tegart, Robert Aramayo como o odioso Capitão Orde Wingate, Jalal Altawil como o Padre Boulos, Karim Daoud Anaya como Yussuf, dentre outros. Filme maravilhoso, muito embora de conteúdo revoltante, um dos melhores da mostra. Recomendo muito, caso entre em cartaz (o que eu duvido). Trigésimo quinto filme visto na 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

 
 
 

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