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hikafigueiredo

"Parasita", de Bong Joo-ho, 2019

Filme do dia (130/2019) - "Parasita", de Bong Joo-ho, 2019 - A família Ki-taek vive na penúria, sobrevivendo de bicos e trabalhos informais e as suas perspectivas são sombrias. Um dia, o filho Ki-woo é indicado, por um amigo, para ser tutor de uma jovem rica. Paulatinamente, Ki-woo consegue infiltrar cada um de seus familiares na casa da jovem, para executar diferentes trabalhos, criando novas esperanças para a a família Ki-taek.





Nesse filmaaaaaço, ganhador da Palma de Ouro em Cannes (e candidato certo ao Oscar de Filme Estrangeiro), temos uma crítica duríssima à sociedade capitalista e à sua mais famosa falácia: a meritocracia. De um lado, temos uma família abastada, sem preocupações com contas ou com o futuro; de outro, uma família que beira a miséria e que precisa matar um leão por dia para conseguir ter o que comer. É evidente que as oportunidades oferecidas para os membros das diferentes famílias são diametralmente opostas, independente das capacidades pessoais de cada um (salta aos olhos a incompetência, falta de criatividade e preguiça embutida nos membros da família abastada, quando em comparação aos membros da família Ki-taek), expondo quanto a tão propalada meritocracia é uma enorme mentira. É uma obra que pode chocar as almas mais sensíveis ao retratar a falta de empatia que reina entre os bens-nascidos, incapazes de compreender as dificuldades daqueles que não possuem os mesmos privilégios - destaque para a cena onde o Sr. Park descreve o cheiro do Sr. Kim (tive vontade de chorar ante a insensibilidade do patrão rico frente ao seu funcionário sempre prestativo). Também me irritei com o tratamento dado aos filhos da família rica - uma adolescente preguiçosa e fútil e um menino mimado e sem qualquer controle (retrato fiel dos meus colegas de escola e da bolha em que cresci e que graças ao bom Deus me libertei). Os últimos vinte minutos de filme são icônicos e nem precisa de uma leitura assim tão aprofundada para entender a mensagem. Existe um diálogo bem interessante entre este filme e a obra "A Que Horas Ela Volta" (mas com desfechos bem díspares). Apesar de possuir alguns elementos de thriller e até mesmo certos alívios cômicos, o filme é um drama menos leve do que aparenta. É uma obra dolorida, principalmente no seu terço final (ainda que exija certa dose de empatia por parte do espectador). Admito que fiquei mal ao fim do filme, pois a falta de perspectiva real para quem não vive de privilégios veio e me deu um soco na cara "magnitute Mike Tyson". Tecnicamente, o filme é impecável: fotografia exemplar, direção de arte pontualíssima, edição perfeita. Apesar das ótimas interpretações de todos, para mim ninguém bateu a atuação de Song Kang-ho, que interpreta o Sr. Kim ( o pai da família pobre), responsável pelas cenas mais sensíveis da narrativa. O ator é praticamente o Ricardo Darín da Coréia, pois atuou em quase todos os filmes de destaque internacional daquele país, como "O Motorista de Táxi", "O Hospedeiro", "Mr. Vingança", "Memórias de um Assassino", dentre outros. A obra é imperdível, vejam sem moderação.

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