Filme do dia (69/2021) - "Pollock", de Ed Harris, 2000 - Década de 1940. O desconhecido pintor Jackson Pollock (Ed Harris) luta por algum reconhecimento, quando conhece a também pintora Lee Krasner (Marcia Gay Harden). Encantada pela arte de Pollock, ela logo se envolve com ele e, juntos, buscam divulgar suas pinturas.
O filme retrata a conturbada vida do artista plástico Jackson Pollock a partir de sua biografia "Jackson Pollock: An American Saga", de Steven Naifeh e Gregory White Smith. Genial em sua arte, Pollock viveu uma existência problemática, marcada pelo alcoolismo e por rompantes emocionais. Sua esposa - Lee Krasner - lutou ao seu lado para fazê-lo ter uma vida equilibrada, longe do álcool, sem, no entanto, muito sucesso. Controverso, entrou em conflito com galeristas e críticos, sempre levando suas atitudes às últimas consequências por conta de sua instabilidade emocional. A narrativa, embora linear, não se desenvolve com suavidade - como o artista, a narrativa se apresenta irregular, com momentos de ritmo mais lento, seguidos por outros quase delirantes. Se no princípio esse desenvolvimento da narrativa me incomodou um pouco, logo percebi que ela fluía no mesmo ritmo do movimento do artista e entendi ter sido uma escolha intencional do diretor Ed Harris. A atmosfera do filme mistura certa melancolia com ímpetos emocionais, por vezes bastante tensos - por mais que torçamos pelo sucesso de Pollock, o espectador parece estar sempre esperando pelo próximo rompante ou pela próxima ação inconveniente ou escandalosa por parte do artista. A obra tem o mérito de apresentar a arte abstrata de Pollock para quem não a conhecia - e são pinturas incríveis, maravilhosas. Ed Harris, além de dirigir o filme, também atuou como protagonista e seu trabalho foi excelente, conseguindo imprimir todas as contradições do artista no personagem - pela sua atuação, foi indicado ao Oscar de Melhor Ator. No papel de Lee Krasner, a ótima atriz Marcia Gay Harden - a esposa de Pollock vivia como sua fiel escudeira, por vezes tendo de defendê-lo de suas próprias ações, sempre como esteio para sua vida e arte e a atriz mostrou isso com profundidade, numa interpretação que lhe valeu o Oscar de Atriz Coadjuvante. Eu senti que o filme "patina" um pouco no começo, até o espectador se envolver com toda a loucura do artista, mas, depois que "engrena", a obra flui gostosa e prende a atenção. É uma ótima obra, com muita emoção envolvida. Eu curti e recomendo.
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