Filme do dia (217/2021) - "Quo Vadis, Aida", de Jasmila Zbanic, 2020 - Bósnia-Herzegovina, 1995. Durante a Guerra da Bósnia, Aida (Jasna Djuricic), uma professora local, trabalha como intérprete da ONU. Quando as tropas sérvias invadem a cidade de Srebrenica, ela busca, desesperadamente, salvar sua família.
Baseada em fatos reais, a obra foca na Guerra da Bósnia e, mais especificamente, no massacre de Srebrenica, tendo, como fio condutor, os esforços da personagem Aida para salvar sua família. É um filme chocante e tocante, principalmente quando nos damos conta de que algozes e vítimas eram, originalmente, vizinhos e conhecidos e conviviam em relativa harmonia antes do esfacelamento da antiga Iugoslávia. É dolorosa a cena em que um antigo aluno de Aida, sérvio, a impede de seguir seu marido, na intenção de protegê-la e poupá-la de um destino sombrio, a demonstrar que as diferenças culturais sobrepujaram até mesmo os laços de afeto e respeito entre antigos amigos e conhecidos. O filme, ainda, expõe a pouca efetividade das ações da ONU junto à região, evidenciando que houve profundo descaso e completa má vontade das grandes potências em evitar o genocídio do povo bósnio (que novidade...). A narrativa é predominantemente linear, em um ritmo marcado e crescente - a câmera segue Aida, correndo de um lado para o outro dentro da base da ONU, em busca de alguém que possa acolher sua família. A atmosfera é de angústia e urgência, principalmente quando o espectador conhece o desfecho da invasão de Srebrenica. Quanto aos quesitos técnicos, o filme mostra-se bastante convencional, sem maiores inovações ou ousadias em termo de linguagem ou estética. O destaque fica por conta da montagem, responsável, em parte, pela construção da atmosfera de urgência já mencionada. A atriz Jasna Djuricic é hábil em expor o desespero da personagem Aida frente à ameaça à sua família e seus esforços em mudar-lhe o destino certo. No elenco, ainda, Johan Heldenbergh como o Coronel Karremans, abandonado pela ONU em meio ao conflito, Boris Isakovic como o comandante do exército sérvio Ratko Mladic e Izudin Bajrovic como marido de Aida. O filme concorreu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2021, perdendo para "Druk". A obra é uma aula de história e ajuda um pouco a compreender a situação existente na região após o fim da Iugoslávia. Recomendo muito.
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