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hikafigueiredo

"Raw", de Julia Ducoumau, 2016

Atualizado: 23 de ago. de 2019

Filme do dia (80/2019) - "Raw", de Julia Ducoumau, 2016 - Justine ( Garance Marillier ) é um jovem caloura recém chegada à faculdade. Durante o trote universitário, Justine, vegetariana como todos de sua família, é obrigada a experimentar carne pela primeira vez. A experiência desperta um profundo desejo por carne na garota - mas uma em especial a atrai: aquela advinda de seres humanos.





Acho incrível como o cinema francês consegue se distanciar tanto daquele produzido em Hollywood. Este roteiro, em mãos norte-americanas, daria ou um filme de terror trash ou um filme de terror jumpscare. Não temos nenhum dos dois, no caso. A obra consegue se situar exatamente entre o terror psicológico (okay, tem um tanto de gore também) e, acredite se quiser, o drama. Isso porque o filme não se limita às evidentes cenas de canibalismo, há todo um processo de descoberta da personagem, não apenas de seus desejos, hã, gastronômicos, mas, também, de sua sexualidade, sua liberdade, sua essência. Esse processo é gradual, sutil e até mesmo poético. É, é isso mesmo, o filme consegue trazer certa poesia ao processo que leva Justine a se entregar a seus desejos mais obscuros. O ritmo inicia bem lento e vai ganhando certa velocidade, sem nunca tornar-se frenético. A atmosfera é pesada e o filme é perturbador desde a primeira cena - mesmos as cenas dos trotes aplicados aos calouros, das festas da faculdades, das descobertas sexuais de Justine, tudo dá certa agonia, certa aflição. Há pelo menos uma cena realmente desaconselhável para pessoas sensíveis, então, use de bom senso para assistir (ou não) à obra. Formalmente, o filme é meio padrão, nenhum quesito me chamou muito a atenção a ponto de se destacar. As interpretações, por seu lado, valem maiores comentários. Garance Marillier é incrível como Justine, de seu olhar inicialmente doce, à sua postura desafiadora já pelo fim do filme, ou, ainda, quando evidencia seu duplo desejo por um rapaz; Ella Rumpf como Alexia, irmã de Justine, também está bem, ainda que a personagem possua muito menos "volume" e complexidade que a interpretada por Garance Marillier. O filme é bem diferentão, até meio esquisito, causa, ao mesmo tempo, repulsa e curiosidade, causa estranhamento, agonia e perturba nossa alma - eu adorei!!! Recomendo para quem gosta de ousadia.

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