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hikafigueiredo

"Rede de Intrigas", de Sidney Lumet, 1976

Filme do dia (114/2019) - "Rede de Intrigas", de Sidney Lumet, 1976 - O âncora de televisão Howard Beale (Peter Finch), após anos de sucesso, é demitido do posto. Em crise, Beale noticia, ao vivo, que pretende se suicidar em frente às câmeras. A reação da audiência, no entanto, surpreenderá a todos e dará novo rumo à história da emissora e do próprio Beale.




Aclamadíssimo pela crítica e agraciado com vários prêmios, o filme escancara o poder da mídia e os podres por trás das câmeras. A obra expõe, como nenhuma outra, a manipulação midiática, a espetacularização das tragédias e mazelas sociais, o efeito manada no público, os conchavos nos bastidores, a apropriação de movimentos sociais autênticos e sua consequente subversão, o uso político e econômico das informações e a briga suja por pontos na audiência, tudo levado às últimas consequências. São inúmeras as questões levantadas, todas extremamente atuais - em tempos de internet e whatsapp, a guerra de informações e o uso desenfreado de "fakenews" influenciando os rumos políticos dos países só demonstram um aprofundamento daquelas questões. O filme é uma aula de comunicação social e de manipulação!!! É destas obras para ficar digerindo por um certo tempo. No entanto, é obra que leva a um envolvimento puramente intelectual - não rolou, ao menos para mim, qualquer envolvimento sensorial, não despertou maiores emoções ou sentimentos (e confesso que senti uma certa falta disso). O roteiro, ótimo, amarradíssimo, recebeu o Oscar de Melhor Roteiro Original. Eu achei a atmosfera geral do filme meio "hospitalar", já que tudo se passa, quase que totalmente, dentro de salas e estúdios da emissora. Imageticamente, é um filme sem graça, com uma fotografia pobre e posicionamentos de câmera quase protocolares, mas que funciona bem para mostrar a "aridez" do ambiente corporativo. Com relação às interpretações, muita gente fera. Faye Dunaway está excepcional como responsável pela programação, uma personagem fria, manipuladora, "workaholic", uma grande fdp, enfim. Willian Holden e Robert Duvall, da mesma forma, evidenciam seus talentos - Holden como o profissional ético, e Duvall como o canalha-mór da emissora. Mas quem arrebata com sua atuação, sem dúvidas, é Peter Finch, ao interpretar um Howard Beale em crise, em evidente processo de distanciamento da realidade e profundamente descontrolado - pelo papel, Finch recebeu o Oscar, Globo de Ouro e Bafta de melhor ator. O filme é bastante instigante intelectualmente, vale muito a pena e põe para pensar.

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