Filme do dia (253/2021) - "Rituais", de Peter Carter, 1977 - Cinco amigos, todos médicos, viajam para uma erma floresta no intuito de passar uma semana acampando e pescando. Completamente apartados da civilização, os amigos acabam se deparando com um implacável psicopata, que passa a persegui-los impiedosamente.
Apesar do argumento muito pouco original - sem pensar muito, posso enumerar pelo menos uns 3 ou 4 filmes com o argumento parecido -, esse obscuro filme canadense tem lá algumas virtudes, até mesmo para mim que não sou grande fã do gênero - como eu já disse algumas vezes, meu barato são os filmes de terror sobre o sobrenatural, enquanto morro de preguiça de filmes sobre assassinos em série. Gosto da ideia que o título traz - os comportamentos que a obra enfoca são todos ritualísticos, desde a viagem anual entre amigos até a maneira do assassino de torturar psicologicamente sua vítimas, dando certa sensação de que os acontecimentos seriam inevitáveis, que as condutas dos envolvidos lhes são quase que impostas de tão carregadas de significados ocultos, quase religiosos. Outra virtude da obra é a construção minuciosa de uma atmosfera de horror, que passa gradualmente da incompreensão ao medo e deste ao completo pânico - eu, que raramente fico tensa com esse tipo de história, percebi, a certa altura, que estava totalmente retesada no meu lugar, apreensiva pela próxima cena. Por outro lado, acho que faltou maior consistência nas motivações do assassino: a história é conduzida de forma a dar a entender que ele está numa jornada de vingança contra os personagens por eles serem médicos; supomos, assim, que ele foi vítima de algum erro médico ou algo do gênero, mas. em nenhum momento isso fica realmente claro. Além disso, o estado geral do assassino - sim, ele aparecerá em cena - aparenta sérias dificuldades e limitações físicas, o que parece não se encaixar bem com a capacidade dele em impor angústia e sofrimento em cinco homens saudáveis. A narrativa, bem desenvolvida, é linear, em um ritmo inicialmente lento, mas constantemente crescente. Difícil falar sobre a qualidade técnica da obra, uma vez que a única cópia do filme disponível encontra-se em péssimas condições - o que, inclusive, é avisado na abertura da narrativa -, de forma que inúmeras cenas, principalmente as noturnas, mostram-se bastante escuras e quase ininteligíveis. No geral, a linguagem utilizada é bastante convencional, sem grandes arroubos criativos. O elenco é formado por Hal Holbrook como Harry - definitivamente, o melhor em cena; Lawrence Dane como Mitzi; Robin Gammell como Martin; Ken James como Abel; Gary Reineke como D.J.; Jack Creley como Jesse e Michael Zennon como Matthew. É... o filme tem consistência, fiquei "ligada" nele do começo ao fim, mas é um tipo de história que não costuma de arrebatar (o fato de eu ter conseguido me manter atenta a ele talvez signifique que ele é melhor do que eu mesma esteja afirmando). Em todo o caso, prefiro um filme que me pareceu inspirado nele - "O Ritual" (2017), este sim que envereda pelo terreno do sobrenatural, muito mais a minha praia!
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