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  • hikafigueiredo

“Saltburn”, de Emerald Fennell, 2023

Filme do dia (164/2023) – “Saltburn”, de Emerald Fennell, 2023 – O irlandês Oliver Quick (Barry Keoghan) acaba de ser aceito em Oxford. Estranho e sem amigos, Oliver conhece Felix Catton (Jacob Elordi), um filho da rica aristocracia inglesa, e, rapidamente, é “adotado” pelo jovem aristocrata, o qual o convida para passar as férias em seu castelo em Saltburn. A chegada do convidado será o início de acontecimentos perturbadores para a família Catton.




 

Wow!!!! Com a direção segura de Emerald Fennell, o filme é uma surpreendente e deliciosa sátira acerca do “way of life” das elites abonadas, dos aristocratas privilegiados encastelados em seu mundo dourado e da arte do “alpinismo social”. A obra não poupa críticas à elite socioeconômica, retratada como fútil, egocêntrica, egoísta, insensível e, acima de tudo, burra, muito burra. Autocentrados e extremamente orgulhosos de si mesmos, os aristocratas do filme “brincam” e “jogam” com os meros mortais e é sob uma cínica capa de generosidade que Oliver – o pobre, miserável e desprivilegiado Oliver – é aceito dentre a família Catton e seus pares. Mas talvez o orgulho excessivo e a certeza de serem inalcançáveis tragam alguns problemas para Felix e seus parentes. A obra, além de escancarar podres da elite, ainda passeia por entre aqueles que buscam alcançar benesses e acolhimento destes privilegiados e tenta comprovar que, dentre privilégios materiais e capacidade intelectual, melhor é ser abençoado com a última. Com um roteiro incrível e cheio de plot twist, a obra traz algum humor ácido, ainda que esteja muito longe de ser uma comédia como está sendo “vendido”. Eu diria que o filme é um thriller cheio de crítica social e que tem alguns tantos motivos para se mostrar perturbador. Existe, ainda, um tema transversal que talvez possamos classificar como uma “sexualidade expandida” – a tensão sexual que envolve diversos personagens e que flui de uma maneira truncada, servindo a propósitos bastante escusos. A narrativa é não-linear, muito embora permaneça um bom tempo seguindo certa cronologia. O ritmo é bem-marcado e crescente. A atmosfera é incômoda de tantas formas diferentes que eu nem sei como explicar (ainda mais sem dar spoiler) – prepare-se para sentir-se perturbado a cada dez minutos sem repetir a justificativa para tanto. O roteiro é milimetricamente costurado e não apresenta erros de qualquer tipo – simplesmente perfeito. Formalmente, destaco uma fotografia sofisticada, que usa e abusa de contrastes e salta de planos muito abertos retratando o requinte e a opulência da mansão da família Catton para planos fechados, que concentram expressões muito significativas do elenco escolhido a dedo. O desenho de produção, da mesma maneira, não poderia ser mais acertado, e revela os privilégios e a falsa elegância da família Catton. Mas, nada supera as interpretações de um elenco especialmente talentoso. Temos, aqui, uma maravilhosa Rosamund Pike como Elsbeth, a fria e inacessível Elsbeth, que coleciona amigos problemáticos para sentir-se generosa, os quais são sumariamente dispensados quando a personagem deles se cansa; temos, também, o fantástico Richard E. Grant, como Sir James, o verdadeiro exemplo de aristocracia; a ótima Carey Mulligan faz uma ponta como Pamela; Archie Madekwe interpreta um dos personagens mais instigantes, o insuportável Farleigh – o ator, de quem não me lembro de outras obras, é incrível!!! Alison Oliver interpreta a controversa Venetia, muito bem no papel; hmmmm... Jacob Elordi interpreta Felix e aqui eu faço a única crítica ao elenco (e, praticamente, ao filme): o personagem deveria ser completamente cativante, alguém que envolvesse a todos, um jovem extremamente sedutor e, para mim, o ator deixou a desejar - eu teria colocado Thimotée Chalamet no lugar... Mas, o filme é duzentos por cento dele, meu queridinho absoluto (fan detected!!!!), o ator irlandês Barry Keoghan. Cara, ele é ESPETACULAR!!!!! Interpretando Oliver, um personagem complexo, controverso e perturbador, Keoghan deixa claro todo o seu talento para realizar trabalho difíceis. Eu já havia me apaixonado pelo ator em “O Sacrifício do Cervo Sagrado” (2017), aprofundando a admiração por seu trabalho em “Os Banshees de Inisherin” (2022). Mas aqui ele realmente se superou e, além de mostrar uma versatilidade impressionante, revelou um sex appeal insuspeito (e que me deixou ainda mais apaixonada por ele!!!!) – preparem-se para serem surpreendidos pelo ator. A obra, maravilhosa, tece um diálogo bem interessante com “O Talentoso Ripley” (1999) e com o recente “Parasita” (2019). Filmaaaaaaaaço, amei, quero ver mais mil vezes!!!!!! (E está facinho no Prime Video).

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