Filme do dia (140/2019) - "Samaria", de Kim Ki-Duk, 2004. Yeo-jin (Kwak Ji-min) e Jae-yeong (Han Yeo-reum) são duas amigas colegiais cujo sonho é fugir da Coréia do Sul para a Europa. Tentando viabilizar esse sonho Jae-yeong passa a se prostituir, sendo auxiliada pela amiga. Um descuido de Yeo-jin faz com que Jae-yeong seja surpreendida pela polícia e as consequências disto serão terríveis.

Sou grande entusiasta dos filmes do diretor Kim Ki-Duk desde que assisti ao excepcional "Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera" (2003). Desde então tenho "maratonado" sua filmografia e a opinião de que suas obras são sempre maravilhosas e impactantes permanece inalterada. Mas, devo admitir que, de tudo o que eu já assisti dele, "Samaria" foi o que menos me agradou por um motivo bem específico e particular - o protagonismo da história é quase itinerante e eu não soube lidar tão bem com isso. Veja bem, achei a ideia em si bem interessante - a história se desenvolve e o personagem de destaque é alterado ao longo da narrativa - mas isso acabou gerando uma ruptura no meu envolvimento com o filme e os personagens e eu não soube recuperar tal envolvimento no novo protagonista. Assim, por mais que eu veja virtudes na obra - inclusive na própria proposta de alterar os protagonistas -, emocionalmente eu "perdi o fio da meada" no processo, restando apenas uma opinião racional acerca do filme. De qualquer forma, posso adiantar que a obra é bastante autoral, tem um desenvolvimento lento e "fluo", mais subjetivo do que objetivo, fugindo um pouco do esperado "ação-reação" (não sei se estou me fazendo entender, mas quero dizer que uma ação não necessariamente terá uma reação lógica e já esperada, o que vem depois pode ser algo totalmente surpreendente). É difícil, inclusive, falar do filme sem entrar em spoilers que estragariam toda a experiência cinematográfica. O desfecho, por sua vez, me deixou um pouco confusa, tive de elucubrar muito para chegar ao que o diretor quis dizer (e tenho minhas dúvidas se o que eu achei foi o que o diretor intentou). Bom, de qualquer forma, é uma obra que admite diferentes leituras e interpretações e pode ser facilmente amado ou odiado. Apesar de gostar muitíssimo menos do que outras obras de Kim Ki-Duk, não diria que desgostei, apenas não houve a mesma conexão. Tecnicamente a obra é impecável, com destaque para a fotografia delicada (destaque para as cenas das meninas no banheiro). Das interpretações, quem mais me impressionou foi Lee Eol como o pai de Yeo-jin - muito expressivo!!! Eu, particularmente, não começaria a conhecer a obra de Kim Ki-Duk por este filme, mas acho que vale a pena conhecê-lo após ver outros filmes do diretor. Recomendo com pequenas ressalvas.
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