Filme do dia (214/2020) - "Seven - Os Sete Pecados Capitais", de David Fincher, 1995 - A sete dias de sua tão esperada aposentadoria, o detetive William Somerset (Morgan Freeman) recebe um novo parceiro, o detetive David Mills (Brad Pitt). Logo no primeiro caso da dupla, eles se deparam com um terrível homicídio. E não será o único.
Decidida a escrever sobre todos os filmes da minha coleção, hoje foi dia de rever aquele que é, muito provavelmente, meu thriller predileto. O filme é dos mais tensos e sombrios que o gênero já criou, e acompanha a procura desesperada dos dois detetives por um serial killer metódico e extremamente cruel. O que eu mais gosto nesse obra é que ele não é apenas tensa - ela tem um clima de perversidade quase doentia, que segue todo o sadismo do psicopata protagonista (sim, a graça de um thriller está nesses sentimentos nada saudáveis que nos desperta; se fosse para ter bons sentimentos eu iria ver comédia romântica! rs). O roteiro é milimetricamente bem construído e, mesmo já tendo visto o filme bem umas cinco vezes, não encontrei, até hoje, nenhuma, nenhuminha, aresta fora de lugar. A narrativa segue tempo linear e o ritmo começa vagaroso e vai ganhando agilidade, da mesma forma que a tensão cresce a cada cena. O desfecho é - wow - um dos mais dolorosos e bem engendrados que eu já vi. Os personagens são bem construídos e adoro o fato do serial killer só aparecer no meio do filme e de não sabermos, tanto quanto os detetives, o que ele está fazendo (é comum, em thrillers, termos uma visão do vilão além do que os policiais têm - isso acontece, por exemplo em "Silêncio dos Inocentes", 1991, outro filme que adoro; isso não acontece nesse filme, pois não temos nenhuma informação do assassino além daquela que os detetives obtêm). Gosto da atmosfera geral que é criada na obra - a cidade cinza, suja e eternamente chuvosa, uma coisa que remete a um ambiente amaldiçoado, pecaminoso. A fotografia do filme é propositalmente escura, sem brilho, numa paleta de cores cinza-azulada quase que constante. Os ângulos de câmera são bem tradicionais, sem grandes invencionices. Sou incapaz de falar qualquer coisa acerca do som deste filme - ele me deixa tão tensa que jamais consegui perceber sua construção sonora; desculpem minha surdez para cinema. Adoro o quarteto de atores do filme - Morgan Freeman interpreta o detetive Somerset, um policial sábio, porém descrente de tudo; sabe que não pode se envolver emocionalmente com os casos e anseia por sua aposentadoria; Morgan Freeman nos premia com um homem cansado, com um olhar perdido e uma linguagem corporal alquebrada. Brad Pitt interpreta o jovem detetive David Mills, cheio de energia e vontade de trabalhar; ao contrário de seu parceiro, ele é explosivo e se envolve facilmente com os casos, e Brad Pitt consegue passar bem isso para o público. Gwyneth Paltrow interpreta a doce Tracy, esposa de David; eu, habitualmente, não gosto da atriz (ranço assumido devido ao injusto Oscar por "Shakespeare Apaixonado", 1998), mas aqui acho que ela esteve bastante bem, nos entregando uma Tracy insegura e apaixonada pelo marido; e chegamos ao meu ídolo do coração - sim, ele é um assediador, pária total do cinema, mas ninguém pode negar que ele é um ator irretocável, motivo pelo qual foi o meu ator predileto por anos a fio: Kevin Spacey está maravilhoso como o psicopata John Doe. Ele aparece no filme durante menos de meia hora, mas, na minha opinião, ele rouba a cena. Ele é a imagem do serial killer frio e calculista, doido de pedra, crente que é movido por forças maiores. Ele, na verdade, brilha em uma única cena - justamente a final - e seu diálogo no interior do carro é sublime (ele tem um olhar que, meu Deus, gela até a alma!). Grande filme, acredito que poucos não o viram. Quem ainda não o assistiu, corre, porque tá perdendo um filmão!!!
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