top of page

"Simón da Montanha”, de Federico Luis, 2024

hikafigueiredo

Filme do dia (121/2024) –"Simón da Montanha”, de Federico Luis, 2024 – Simón (Lorenzo Ferro) é um jovem de 22 anos que conhece e se junta a um grupo de jovens com deficiência intelectual. À medida em que ele convive com os novos amigos, ele passa a reproduzir seus comportamentos e tenta, com a ajuda de Pehuen (Pehuen Pedre), um dos rapazes do grupo, conseguir um registro de PCD junto ao governo.





Aclamado pela crítica no Festival de Cannes (2024), onde foi agraciado com Grande Prêmio da Semana da Crítica, o filme discorre sobre a liberdade de escolha do protagonista. O personagem Simón é um jovem comum sobre o qual pesam todas as expectativas familiares e sociais por um futuro de sucesso, ou, no mínimo, proveitoso. Ele trabalha com o namorado de sua mãe fazendo mudanças e precisa demonstrar habilidade na tarefa. Um dia, Simón conhece um grupo de jovens com diferentes graus de deficiência intelectual e com ele começa a conviver, percebendo ali a possibilidade de alterar os rumos de sua vida. Ele percebe que aqueles jovens não sofrem o peso da expectativa que recai sobre si e têm a liberdade de simplesmente serem como são e não como se espera que sejam. Gradativamente, Simón passa a reproduzir os comportamentos dos integrantes do grupo, com trejeitos que fazem supor que ele também possui algum grau de deficiência intelectual – o que não é verdade. Ele modifica sua forma de agir e, para espanto de sua família, começa a questionar sobre seu registro no governo como PCD. Minha leitura é de que Simón encontrou uma forma de fugir de uma realidade que não lhe agradava – as exigências familiares e sociais, as expectativas acerca de sua forma de se comportar perante a sociedade, tudo isso pesava para o jovem, que opta por negar sua “normalidade” e se juntar àqueles rapazes e moças com deficiência. Para tanto, Simón precisa conviver bem com aqueles que lhe são diferentes, sendo acolhido pelo grupo que, na realidade, sabe que ele não é igual aos seus integrantes. O filme traz uma narrativa linear, em ritmo moderado. A atmosfera da obra, para mim, foi de estranhamento, eu demorei a entender aquele comportamento do protagonista. Tenho de admitir, por outro lado, que o trabalho do ator Lorenzo Ferro como Simón é irrepreensível – ele consegue mimetizar tão perfeitamente o comportamento de uma pessoa com deficiência intelectual que, no momento em que Simón age diferente, ou seja, dentro de uma normalidade, eu tomei um susto, pois, até aquele momento, eu tinha certeza de que o personagem tinha alguma condição (e, não conhecendo o ator, até me perguntei se ele não seria realmente daquele jeito). O filme traça um diálogo bastante íntimo com o filme “Os Idiotas” (1998), de Lars von Trier, muito embora os objetivos dos personagens dos dois filmes não seja o mesmo. Destaque para as cenas da montanha, muito forte, e da briga familiar, um verdadeiro momento de ruptura para o protagonista. Confesso que, num primeiro momento, eu não gostei da obra, mas destrinchá-la para escrever sobre ela me fez ter alguma simpatia pelo filme. Acho que vale a visita. Assistido na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

3 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page