Filme do dia (219/2017) - "Sob o Poder da Maldade", de Michael Reeves, 1967 - Marcus (Boris Karloff), um velho médico especializado em hipnose, desenvolve, com a ajuda de sua esposa Estelle (Catherine Lacey), uma máquina que permite dominar a mente de outra pessoa, mesmo à distância. Ao testar o equipamento, o casal de idosos descobre que pode sentir todas as sensações da pessoa cuja mente está sob seu domínio, o que abre muitas possibilidades emocionantes para a dupla, até que eles começam a divergir sobre qual rumo dar à descoberta.
Partindo de uma premissa bastante interessante - e se pudéssemos experimentar as mais diferentes e extremas experiências sem temer as consequências destas ? - o filme, que poderia tomar os mais diversos rumos, desemboca em um conto de terror que não deixa de ter um fundo dramático. Impossível, num primeiro momento, não sentir certa melancolia ao ver os dois idosos extasiados ante às diferentes experiências que, pela idade e dificuldades físicas, lhes seriam completamente inalcançáveis, exceto através da invenção do médico Marcus. Nesse ponto, a obra poderia rumar para quase qualquer gênero, mas optou pelo terror/suspense. Esta questão da impotência frente ao mundo em decorrência da idade avançada permeia toda a obra, mesmo que o terror se sobressaia logo nos primórdios do filme, o que dá esse gosto um pouco amargo à narrativa. A última cena retoma a melancolia e solidão da velhice, apesar de não se afastar do gênero que abraçou. Apesar de ser um filme de 1967, a estética setentista já dá as caras no filme, através de movimentos de câmera rápidos, que se aproximam ou distanciam do objeto de interesse (aqueles "closes" rápidos, muito comuns na época), que eu, particularmente, acho mega "kitsch". A trilha sonora chamou a minha atenção com músicas que me remetiam a um realejo e seu som metálico, o que combinou bastante com a atmosfera tensa do filme. Bacana ver a dupla de veteranos Boris Karloff (beeeem velhinho!!!) e Catherine Lacey em ação mesmo com a idade avançada, ambos ótimos (estamos acostumados a ver Boris Karloff como vilão, aqui o espectador se surpreende). É um filme diferente, mais pendente ao suspense do que propriamente ao terror (que para mim sempre significa demônios, espíritos, bruxas, vampiros e zumbis, ou seja, não é o caso desta obra) e que me remeteu aos filmes de terror que eu via quando criança na televisão aberta (se não me engano, na Band, que na época chamava Bandeirantes). Ah, eu gostei, mas pode ser memória afetiva.
댓글