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hikafigueiredo

"T2 Trainspotting", de Danny Boyle, 2017

Filme do dia (142/2020) - "T2 Trainspotting", de Danny Boyle, 2017 - Vinte anos após sua fuga de Edimburgo, Mark (Ewan McGregor) retorna para casa. O reencontro com os antigos amigos será, por vezes, traumático, pois existem contas a acertar com o passado.




A continuação de "Trainspotting" me surpreendeu pela qualidade - com frequência, continuações são desastrosas e acabam com as nossas boas lembranças do filme original, o que não aconteceu nesse caso. Por outro lado, no entanto, trouxe uma carga emocional complicada de lidar. Se descrevi o primeiro filme como "enérgico, sanguíneo", descreveria esse como melancólico, quase depressivo. A falta de perspectiva na juventude é triste, claro, mas sempre há a energia dessa mesma juventude que pode, de repente, mudar algo, dar uma guinada e virar a mesa. Na tenra idade sempre há a esperança, o ânimo, a força, a criatividade. A coisa muda de figura na maturidade. A falta de perspectiva dos personagens, aqui, deixa de lado o teor ousado, aventureiro, e passa a pesar bem mais. Todos ali têm uma história. Uma história de frustrações, fracassos, erros, e a energia já não é a mesma, bem como o ânimo e as expectativas. Se no primeiro filme terminei de assisti-lo com uma certa euforia, aqui terminei de ver a obra com um gosto amargo na boca, uma tristeza profunda, um verdadeiro pesar pelos personagens (vocês já devem ter percebido que eu me apego aos personagens, não?). O roteiro ainda é ótimo, a história continua sendo bem contada, a narrativa é consistente, o filme é bem feito... mas eu fiquei triste. Não temos mais, neste aqui, a narração em "off" de Mark, logo, há uma mudança de ponto de vista. O ritmo continua parecido com o do primeiro filme - alterna cenas frenéticas com outras bem mais lentas. Da mesma forma, a fotografia continua riquíssima, ultra luminosa, com cores bastante saturadas e enquadramentos criativos e sofisticados. A trilha sonora é ótima (mas ainda prefiro a do primeiro filme) e traz Frankie Goes to Hollywood, Iggy Pop, Blondie, Queen, The Clash, dentre outras bandas mais recentes (e, logo, menos conhecidas por mim). O elenco se manteve e continuam todos ótimos. Velhos, acabados (até mesmo Ewan McGregor sente o peso do tempo), melancólicos, mas ótimos. A única que permaneceu bonitona e radiante, quem diria, foi a única mulher do elenco, Kelly Macdonald (o que a maquiagem não faz). Olha... o filme é bom, muito bom. Maaaas... é bem inferior ao primeiro, que, para mim, é excepcionalmente bom, fantástico, supremo. Ainda que bom, me deixou uma angústia na alma. De qualquer forma, acho que merece recomendação - assistam, vale a pena.

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