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hikafigueiredo

"Tangerinas", de Zaza Urushadze, 2013

Filme do dia (127/2019) - "Tangerinas", de Zaza Urushadze, 2013 - Em uma minúsculo vilarejo da Abcásia, república ao norte da Geórgia, vivem Ivo (Lembit Ulfsak) e Margus (Elomo Nüganen). Devido à guerra travada entre georgianos e russos pela autonomia da região, todos os demais moradores da vila, vindos da Estônia, saíram do local, voltando para sua terra natal. Margus possui uma plantação de tangerinas e não quer sair do vilarejo até colhê-las. Ivo o ajuda, construindo as caixas que serão usadas para o transporte das tangerinas. A guerra, no entanto, insiste em bater às suas portas, na forma de dois inimigos declarados, o georgiano Nika (Mikheil Meskhi) e o tchetcheno Ahmed (Giorgi Nakashi). Acolhidos feridos por Ivo, ambos terão de conviver enquanto estiverem sob o teto de seu benfeitor.





Lindo filme que discorre sobre a estupidez da guerra e da necessidade de convivência e respeito entre povos e entre culturas diferentes. Os personagens Nika e Ahmed de odeiam por conta da guerra entre seus pares, mas são obrigados a conviverem por respeito a Ivo, um sábio homem idoso que os acolhe em sua casa e trata de ambos. Ivo não escolhe lado, não faz diferença entre os dois homens, consegue ver a humanidade em cada um dos combatentes e, com paciência, tenta fazê-los enxergar o que os aproxima como seres humanos. É uma obra delicada, bem intencionada e que carrega um forte conteúdo de fé e esperança na humanidade na figura do convicto Ivo. Apesar de também tratar do horror da guerra, não é uma obra que expõe o combate na tela, mantendo-se longe do conflito em si e tratando dos reflexos, nos homens, relativos à luta armada e ao ódio dela emanado. A narrativa é bem tradicional, em tempo cronológico e bom ritmo (não frenético, mas, tampouco, lento). O filme tem uma fotografia espetacular, auxiliada, sem dúvida, pela beleza daquela região (algumas cenas parecem verdadeiras pinturas!). Gostei bastante das honestas atuações do quarteto de atores, todos ótimos, mas assumo um carinho especial pelo personagem Ivo e pelo ator que o interpreta, Lembit Ulfsak. A obra é muito linda, acima da média, e me envolveu profundamente. O filme concorreu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e ao Globo de Ouro, também de filme estrangeiro, ambos em 2015, perdendo para "Ida" e "Leviatã", respectivamente.

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