“Tarde Demais para Esquecer”, de Leo McCarey, 1957
- hikafigueiredo
- 16 de out. de 2024
- 2 min de leitura
Filme do dia (116/2024) – “Tarde Demais para Esquecer”, de Leo McCarey, 1957 – Nickie Ferrante (Cary Grant) é um notório don juan, prestes a se casar com uma milionária. Ele embarca, da Europa para Nova York, em um navio de luxo, local onde conhece Terry McKay (Deborah Kerr), uma jovem bonita e de gostos refinados. Não obstante ambos estejam comprometidos com outras pessoas, eles acabam se apaixonando perdidamente durante a viagem. Concordam, então, em se encontrar após dali seis meses, no alto do Empire State, para se certificarem de seus sentimentos.

Já falei algumas vezes que não sou muito fã do gênero romance, ainda que goste de comédias românticas. Fiquei atraída por esta obra basicamente pelo elenco, já que sou fanzaça de Cary Grant desde que assisti a “Este Mundo é um Hospício” (1944), e de Deborah Kerr, desde “Os Inocentes” (1961). A obra foca no relacionamento não assumido entre Nickie e Terry que, embora apaixonados, não se entregam definitivamente ao romance por terem compromisso com outras pessoas. Eles se dão um prazo de seis meses para ajeitarem suas vidas – não apenas amorosamente, mas, também profissional e financeiramente -, para, então, concretizarem a relação. No entanto, um incidente impede a reunião, afastando os enamorados, e o que se construía como romance, entra “de sola” no drama. O roteiro é sólido e é responsável por um dos maiores méritos do filme: os diálogos ágeis e, por vezes, irônicos entre os protagonistas. A narrativa é linear, em ritmo moderado e suave. A atmosfera é, claro, romântica e leve no princípio da obra até um pouco além de sua metade, quando, então, toma cores mais dramáticas. É uma obra bem convencional e sob as rédeas severas dos estúdios – são engraçados os subterfúgios usados para sugerir e indicar o relacionamento físico do casal durante a viagem, não explicitado por conta dos entraves morais relativos aos seus compromissos com terceiros e, também, pelo rígido código de moralidade da época, e que vão, de beijos fora do enquadramento da câmera até diálogos insinuantes de “algo mais”, proferidos por terceiros. Mas, o maior destaque do filme fica mesmo por conta do elenco – Cary Grant continuava sendo um galã irresistível, mesmo do alto dos seus 53 anos, e seu charme e expressividade marcam presença aqui; infelizmente, seu excelente timming cômico, por outro lado, foi bem pouco utilizado. Deborah Kerr também está muito bem, ainda que o papel não tenha exigido um terço da dramaticidade que a atriz era capaz de proporcionar. No elenco, ainda, Neva Patterson como Lois Clark, Richard Denning como Kenneth Bradley, e Cathleen Nesbitt como a avó de Nickie. O filme concorreu ao Oscar (1958) nas categorias de Melhor Fotografia, Melhor Figurino, Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção. Ah, é um filme bonitinho, romântico, mas bem semelhante a inúmeros outros da época, logo, pouco marcante. Recomendo só para fãs do gênero ou dos intérpretes. Disponível em streaming pela Disney + e Looke (e na velha e boa mídia física).
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