Filme do dia (346/2020) - "Tartufo", de F. W. Murnau, 1925 - Após ser vítima da intriga da serviçal de seu avô, a qual estava de olho na herança do velho, um jovem ator arquiteta uma forma de desmascarar a empregada.
O filme, baseado livremente na peça teatral homônima de Moliére, discorre sobre a hipocrisia e os interesses obscuros que movem os hipócritas, gananciosos e mal-intencionados. Na história, o jovem ator traça um paralelo entre a empregada maledicente e o impostor Tartufo que, fazendo-se passar por homem santo, usa e abusa de um rico seguidor, ao mesmo tempo em que cobiça a esposa deste. A narrativa é linear e ocorre em "dois tempos" - o da história do avô e do neto e o da história de Tartufo propriamente dita. O ritmo é bem marcado e a atmosfera é leve, quase divertida. Apesar de ter sido produzido na época do Expressionismo Alemão, o filme guarda quase nada deste movimento - talvez um pouco o tema, que trata de características nada admiráveis do ser humano, marcando, assim, uma visão um tanto quanto pessimista da Humanidade. A fotografia é um P&B suave, o que também contraria a estética do expressionismo, sempre escura e soturna. Os enquadramentos são, majoritariamente, convencionais, mas, aqui e ali, temos planos mais exóticos e ousados, como quando Elmira tenta seduzir Tartufo, a demonstrar a genialidade do diretor. No elenco, Andre Mattoni, Werner Krauss, Hermann Picha, Lil Dagover, mas, os destaques ficam por conta de Rosa Valetti como a empregada e o incrível Emil Jannings, quase irreconhecível como Tartufo e absolutamente perfeito como o falso homem santo. O filme é bonitinho, leve e bastante curto (pouco mais de uma hora) e serve como prévia para outros filmes mais "poderosos" do diretor, como "Nosferatu" (1922), "A Última Gargalhada" (1924), "Fausto" (1926) e "Aurora" (1927). Vale a visita.
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