Filme do dia (358/2021) - "Tempo", de M. Night Shyamalan, 2021 - Guy (Gael Garcia Bernal) e sua esposa Prisca (Vicky Krieps) viajam com seus filhos para um resort distante e pouco conhecido. No local, são convidados a conhecer uma praia particular, mas, chegando nela, descobrem que ali o tempo transcorre em outra velocidade, colocando a vida de todos em risco.
*Looooooooongo suspiro* M. Night Shyamalan é, para mim, uma incógnita. Não consigo entender como alguém que dirigiu o excepcional "Sexto Sentido"(1999) e os ótimos "Corpo Fechado" (2000), "Sinais" (2002), "A Vila" (2004) - que é, sim, ótimo, desde que você não tenha expectativa de ver um filme de terror - e "Fragmentado" (2016), às vezes faz uns desastres como "Fim dos Tempos" (2008) e "Vidro" (2019). Sempre na esperança de ver outra obra incrível, eu acabo me rendendo a assistir aos seus filmes - e, às vezes, "dá ruim"... muito ruim. E este é o caso deste catastrófico "Tempo". Baseado numa graphic novel de nome "Sandcastle", o filme tem um argumento até que bem bacana - um local na Terra onde o tempo transcorreria muito mais rápido, agindo de forma contundente nos corpos daqueles que ali permanecessem e como a descoberta deste local poderia ser utilizado de uma maneira completamente antiética (sem spoilers). Argumento instigante, não? Ocorre que, entre o argumento e o produto final, existe um fosso sem fundo!!! Não sei se a responsabilidade pela tragédia que se formou foi dos autores da graphic novel ou de Shyamalan (que roteirizou a história e alterou vários pontos, sem saber especificar quais), mas é fato que o desenvolvimento da narrativa é simplesmente ruim - e a direção é ainda pior. Não se trata de discutir a verossimilhança do argumento - "ah, isso não é verossímil!": como dezenas de outros filmes, o espectador acata aquela possibilidade, que se torna concebível naquele universo ficcional. O problema são as escolhas acerca do que poderia acontecer naquela situação hipotética - e eu achei tudo muito tosco. Além disso, cada acontecimento - pois acontecem muitas coisas com os personagens ao longo da narrativa - parece "descolado" dos demais, não há uma linha que flui, não há uma integração entre as ocorrências, sei lá, é tudo... "solto"!. Além disso, há cenas tremendamente mal aproveitadas e outras completamente desnecessárias - eu destacaria a cena da "roda" proposta pela psicóloga, que poderia ser algo bastante interessante do ponto de vista dramático e que foi pessimamente utilizada, esvaziando qualquer sentido que poderia ter na narrativa. Outra coisa que grita, urra, estrebucha, é a direção de atores - meu paaaaai do céu, que direção de atores horrorosa foi aquela??? Porque eu não acredito que seja pura canastrice de um elenco tão grande, aquilo ali foi má direção mesmo!!! Tirando o pobre Gael Garcia Bernal (que caiu ali de paraquedas, só pode), e, talvez, Vicky Krieps e Alex Wolff (forçando bastante), ninguém mais se salva - as falas são artificiais, as expressões não cabem naqueles diálogos, gente, é uma hecatombe!!! *outro looooongo suspiro* Na realidade, eu achei o filme tão ruim - apesar de ter achado o argumento fascinante - que tenho dificuldade em falar dele !Eu passei tanto tempo percebendo as tosquices que não prestei atenção no resto e me vejo incapaz de falar da fotografia, da trilha sonora, o de qualquer outra coisa. Talvez eu não devesse escrever sobre ela, mas minha percepção da obra foi a pior possível. "Ah, mas e os temas que vêm com o filme, tais como a ética ou questões existencialistas acerca do que fazemos com o tempo que temos, etc?". O filme não me instigou nada, sério. Não achei o ambiente propício para elucubrações, não despertou questionamentos, não me gerou dúvidas, nada. Um grande nada. Raramente sou incisiva e sempre tento destacar os pontos positivos de um filme. Aqui isso se limita ao argumento. Eu achei ruim... ruinzão... péssimo mesmo. Na minha humilde opinião - fujam sem olhar para trás.
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