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"Terra Estranha", de Kim Farrant, 2015

hikafigueiredo

Filme do dia (126/2018) - "Terra Estranha", de Kim Farrant, 2015 - Recém chegados a uma pequena cidade do interior da Austrália, os membros da família Parker encontram-se distantes uns dos outros. O súbito desaparecimento dos filhos Lily (Maddison Brown) e Tommy (Nicholas Hamilton) irá trazer à tona antigas mágoas e suspeitas dos seus pais Matthew (Joseph Fiennes) e Catherine (Nicole Kidman).





O filme, quando lançado, foi completamente "descascado" pelo público. Um pouco injusto o tamanho da crítica negativa. Não que não haja pontos a serem criticados - o desfecho, certamente, poderia ser diferente e algumas das suspeitas levantadas poderiam ser confirmadas, o que daria uma bela discussão. Parece-me que a intenção da diretora não foi a de simplesmente contar uma história, mas a de "investigar o terreno" que se apresenta. A "terra estranha", aqui, não diz respeito ao espaço físico - a "terra estranha" é o outro. Os membros da família Parker vivem, dormem e se alimentam juntos, mas são, todos, estranhos entre si. O desaparecimento dos filhos escancara o que antes era apenas intuído - aquelas pessoas não se conhecem, são todas estranhas entre si, não se sabe do que são capazes, não se conhece seu caráter, suas fraquezas, seus limites. Ao se depararem com o outro acerca do qual nada sabem, os pais começam a criar teorias, levantar suspeitas e caçar respostas. A família, esfacelada desde o início mas, ainda, sob certo manto de integridade, desmorona de vez quando começam emergir mágoas e acusações, algumas pesadas, doentias. O cenário - uma cidade meio abandonada e com atmosfera desoladora - reflete o interior daquela família. Ser um dos Parker é o mesmo que viver sozinho em um deserto, é um eterno abandonar-se. Na realidade, o desfecho da história pouco importa, pois o objetivo já fora alcançado, que é a de expor a distância e o desconhecimento dentro daquele núcleo familiar. A obra aproveita bem o espaço e os atores - a fotografia é linda e conta com vários planos abertos do deserto e dos vales ali existentes, com um belo contraste entre o céu muito azul e as montanhas vermelhas. O trio de atores principal - Nicole Kidman, Joseph Fiennes e Hugo Weaving - sustenta muito bem o filme, com algum destaque para Nicole como Catherine, uma mãe desesperada, perdida, buscando uma explicação para a conduta de seus filhos, em especial de Lily, uma menina de quinze anos com um um apetite sexual descontrolado. A obra não é excepcional, mas não é ruim não. A crítica negativa, na minha opinião, adveio muito mais de uma leitura equivocada da obra, somada à expectativa irreal acerca da qual a diretora não tem qualquer controle (é como ir ver um filme de super-herói e esperar ver um drama sueco - a expectativa é do espectador, o realizador não tem como definir essa expectativa!). Assista ao filme sem esperar algo e será possível ver suas qualidades.

 
 
 

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