Filme do dia (185/2020) - "Terra Prometida", de Andrzej Wajda, 1975 - Polônia, localidade de Lodz, início do século XX. Três amigos de escola - o polonês Karol Borowiecki (Daniel Olbrychski), o alemão Max Baum (Andrzej Seweryn) e o judeu Moritz Welt (Wojciech Pszoniak) - unem-se para realizar um sonho em comum: a construção de uma fábrica têxtil. No entanto, sem posses, os três amigos serão capazes de qualquer artimanha para atingir seus objetivos.
O filme é um retrato, quase um estudo, da natureza humana e da ambição desenfreada que pode destruir qualquer sentimento, caráter ou moral de seu possuidor. Ao longo da narrativa, vemos os três amigos, com destaque para o personagem Karol Borowiecki seduzindo, traindo, mentindo, tudo com vistas à realização de seu sonho. A única lealdade encontra-se entre os três amigos por conta do sonho em comum. Paralelamente, a obra também retrata os bastidores das indústrias têxteis daquela região e como se portava - sem qualquer dignidade - aquela elite industrial e financeira local. É um filme complexo, pois além do arco central, temos várias pequenas histórias paralelas que podem ou não influenciar a narrativa principal. Em comum a todas as histórias, a soberba e falta de caráter da elite e a desgraça que se abate sobre os trabalhadores, em qualquer fábrica, situação ou tempo. Também é uma obra longa - quase três horas de duração - e que, a despeito de seu valor, pode cansar um pouco o espectador, principalmente pelos inúmeros desvios do mote principal (admito que demorei para engrenar na obra por conta das histórias paralelas, durante um bom tempo me senti perdida no filme). A narrativa ocorre em tempo linear e tem um ritmo bem desigual, com momentos muito lentos e outros bem mais marcados. Gostei bastante da direção de arte de época, com destaque para os figurinos e ambientações. A fotografia me soou pesada como o tema, com uma paleta de cores caindo para cores escuras como cinza e azul escuro. Achei bem interessante o uso frequente de lente grande angular em planos fechados nos rostos dos personagens , o que resultava em certa distorção e uma sensação de tontura, embriaguez. As interpretações foram corretas, mas não chegaram a me impressionar. O filme é ... sisudo, não sei explicar... ele é pesado em sua crítica, mas não me senti tocada por ele, ele não me emocionou como outros filmes, inclusive do próprio diretor. Ainda assim, a obra é considerada a obra-prima de Wajda, tendo concorrido ao Oscar de Filme Estrangeiro em 1976, tendo perdido para o excepcional "Dersu Uzala", de Kurosawa. É uma obra importante por seu conteúdo, mas que não me "pegou". De qualquer forma, recomendo pela sua importância na filmografia do diretor.
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