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"The Entertainer", de Tony Richardson, 1960

  • hikafigueiredo
  • 8 de ago. de 2020
  • 2 min de leitura

Filme do dia (318/2020) - "The Entertainer", de Tony Richardson, 1960 - Archie Rice (Laurence Olivier) é um artista decadente do show business. Sem aceitar seu ocaso, ele se mete em dívidas, arruína sua família e leva sua esposa ao alcoolismo.





Amarga é uma boa palavra para descrever essa obra, versão cinematográfica da peça homônima de John Osborne, apresentada na Broadway e trazendo boa parte do elenco da peça para as telas. começando pelo venerável Laurence Olivier. Fazendo parte do novo cinema britânico da década de 60, forjado no realismo e retratando a existência nada glamourosa da vida humilde da Grã-Bretanha, o filme carrega na amargura, hipocrisia e decadência e revela uma faceta cinzenta da vida artística. O protagonista é Archie Rice, um showman decadente, egoísta, frio e inescrupuloso na mesma medida em que é sedutor e adorável quando lhe convém. Filho de um renomado artista, Archie sempre viveu à sombra do sucesso do pai, frustrado por não alcançar a mesma notoriedade e usando de terríveis subterfúgios para se manter em cartaz, mesmo sem ter público que lhe dê suporte. Ao seu redor - sua esposa, pai, filhos e colegas de trabalho -, todos sofrem as consequências da teimosia de Archie em se negar a se render ao anonimato e deixar os palcos. A narrativa é linear e o tom geral é melancólico e, como já disse, amargo. O espectador por vezes tem raiva do protagonista, mas o sentimento recorrente é de piedade, pois Archie é um pobre-diabo desprovido de talento com sonhos de grandeza e encanto real pelo show business - dá pena ver seu empenho em ser aquilo que não é, um verdadeiro artista. A fotografia é P&B e alterna suavidade com algumas cenas mais contrastadas. O elenco, encabeçado pela unanimidade Laurence Olivier, é fabuloso, todos muito bem. No papel do protagonista, Olivier dá show em todo e qualquer aspecto. Outra que está muito bem é Brenda De Banzie como a esposa alcoólatra de Archie, Phoebe, assim como Roger Livesey como Billy, o bonachão pai de Archie. Olivier concorreu ao Oscar de Melhor Ator pelo papel e também ao BAFTA na mesma categoria. É um filme bem interessante, que me prendeu a atenção do começo ao fim. Vale a visita.

PS - Me neguei a colocar um dos dois títulos possíveis em português por achá-los por demais deslocados - "O Anfitrião" (título ruim) e "Vida de Solteiro" (título medonho de ruim e que não tem absolutamente nada a ver com a história do filme). Traduções de título péssimas, péssimas.

 
 
 

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