Filme do dia (67/2018) - "Thelma", de Joachim Trier, 2017 - Thelma (Eili Harboe) é uma jovem universitária norueguesa tímida, solitária e deslocada. Seus pais, cristãos fervorosos, acompanham qualquer movimento de filha, sufocando suas tentativas de se tornar um pouco mais autônoma. Mas a aproximação de uma nova amiga - Anja (Kaya Wilkins) - fará com que Thelma rompa suas amarras.

A forte cena inaugural do filme já antecipa que algo estranho, diferente, está por vir - um pai e sua filha em uma caçada na neve, mas o alvo não parece ser o esperado. Daí em diante temos um drama que, pouco a pouco, transmuta-se para um suspense e, depois, para um quase terror. Na realidade, o filme usa um argumento bastante semelhante ao de "Carrie, A Estranha", mas o desenvolvimento da narrativa me pareceu mais lento e cuidadoso e, o desfecho, menos catártico. Há, em "Thelma", um tratamento bem delicado da personagem e de suas descobertas, em especial, a da sua sexualidade. Conduzida pela situação, a jovem entra num forte conflito interno e culpa-se por seus desejos, que vão na contramão de sua educação religiosa. Em meio a essa carga dramática, emergem, paulatinamente, elementos sobrenaturais, que ganham força diante de algumas cenas em flash back de Thelma. O terço final da obra é totalmente dedicado a esse teor sobrenatural, ficando, o drama, diluído em meio à fantasia. Apesar de não ser exatamente original - dada a essa semelhança com o filme de Brian De Palma - a obra é muito bem conduzida e consegue envolver e manter o interesse do espectador. Vale a pena destacar a bela fotografia e a opção por alguns planos abertos bastante impactantes. Eili Harboe mostra-se uma ótima atriz, capaz de trazer muita dramaticidade até em cenas que, se mal conduzidas, poderiam soar patéticas - mas que não soaram. Também gostei da interpretação de Henrik Rafaelsen como Trond, pai de Thelma, dividido entre o amor pela filha e sua religiosidade. Por outro lado, achei bem fraca a atuação de Kaya Wilkins, assim como o trabalho de Ellen Dorrit Petersen como mãe de Thema. O filme me prendeu bastante e considerando seus teor sobrenatural - que poderia fazer da história um total desastre - acho que foi muito bem conduzido. Recomendo sim.
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