Filme do dia (78/2022) - "Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo", de Daniel Kwan e Daniel Scheinert, 2022 - Evelyn Quan (Michelle Yeoh) é uma imigrante chinesa que possui uma lavanderia à beira da falência nos EUA . Exausta, ela precisa lidar com uma crise no seu casamento com seu marido Waymond (Ke Huy Quan), uma festa de Ano Novo Chinês para seu rígido pai Gong Gong (James Hong), em visita ao país, conflitos com sua filha lésbica Joy (Stephanie Hsu) e a auditoria da mau humorada agente fiscal da Receita Federal Deirdre (Jamie Lee Curtis). É durante a terrível reunião com Deirdre que Evelyn descobre a existência do multiverso, quando uma versão alternativa de Waymond a contata e lhe dá a terrível notícia que somente ela pode evitar a destruição de todas as inúmeras realidades pelas mãos da terrível vilã Jobu Tupaki.
Criativo, divertido e ousado, o filme leva a sério seu nome e entrega uma história extremamente bem costurada acerca da ideia de múltiplas realidades existindo ao mesmo tempo, onde haveria inúmeras versões das mesmas pessoas, cada uma em seu universo particular, e a possibilidade de entrar em contato com essa enorme diversidade multidimensional, sendo possível absorver um pouco de cada um dos muitos "eus". A pobre Evelyn - que se vê como um grande fracasso em todos os setores de sua miserável vidinha sem-graça - é, subitamente, jogada num vórtex de vidas alternativas, onde ela é sempre um sucesso em alguma área, surpreendendo-se com seu enorme potencial, adormecido naquela realidade onde vive. Assim, Evelyn passa a vivenciar as mais diversificadas experiências naqueles muitos universos - e como o título do filme já diz -, tudo ao mesmo tempo. O que é mais incrível na obra é que o que poderia sugerir uma enorme confusão ininteligível mostra-se uma grande confusão facilmente compreensível - em meio àquele turbilhão, o espectador surpreendentemente não se perde em momento algum! Evidente que o tempo da narrativa é totalmente alinear - até existe uma cronologia de acontecimentos, mas os tempos das diversas dimensões não correm em paralelo, fundindo-se em infinitas possibilidades. Eu sei, parece bem caótico -e é rs -, mas tem uma lógica própria que rapidamente aprendemos a reconhecer. E tenha certeza: é diversão garantida! A obra discorre sobre muitos temas "emocionais" - frustrações, sonhos, ambições, afetos, medos, raivas - fazendo emergir uma história, antes de tudo, profundamente humana e, por incrível que pareça, sensível. O desordenado desenvolvimento do roteiro mostra-se absolutamente criativo e os diretores - também responsáveis pelo roteiro - evidenciam seu completo controle da narrativa. A ousadia está em todos os lugares, inclusive em situações que seriam muito ridículas, mas que ali funcionam extremamente bem, arrancando gargalhadas do público embevecido. O filme aproveita cada centavo de seu limitado orçamento (25 milhões de dólares é bem pouco perto dos orçamentos dos blockbusters, que alcançam dígitos bem maiores), entregando uma obra com um nível técnico bem elevado, com muitos efeitos especiais e ritmo para lá de alucinante - há muito tempo não via uma filme com ritmo tão ágil e tão instigante. O elenco traz, em primeiro plano, a atriz Michelle Yeoh, já vista no incrível "O Tigre e o Dragão" (2000), repetindo, aqui, as belas coreografias de luta que fizeram o sucesso daquela obra - porque sim, temos muitas lutas em "Tudo Em Todo Lugar Ao Mesmo Tempo", afinal filme chinês de aventura sem artes marciais não tem nem cabimento!!!! rs Michelle Yeoh empresta uma humanidade tocante em sua personagem Evelyn, numa interpretação magnífica! Como Waymond temos o veterano Ke Huy Quan - para quem não liga nome à pessoa, ele era o ator mirim que apareceu em "Indiana Jones e o Templo da Perdição" (1984) e em "Goonies" (1985). Dublê e mestre em artes marciais, Ke Huy Quan também é responsável por incríveis cenas de luta, além de interpretar uma grande diversidade de "Waymonds" ao longo da narrativa, do tímido, sensível e desajeitado marido de Evelyn, até a sexy e arrebatadora versão que contata Evelyn no começo da história. Como a filha Joy, temos Stephanie Hsu, igualmente ótima em suas diferentes versões - destaque absoluto para os criativos figurinos de suas personagens!!!! Jamie Lee Curtis interpreta a terrível Deirdre e coloca toda a sua veia cômica em algumas cenas, em especial de certo universo alternativo (sem spoilers!!!!). Por fim, temos James Hong como o severo Gong Gong. Para não dizer que não tenho nenhuma crítica ao filme, só não gostei de uma específica cena em cujo humor 5ª série aflorou com força, mas isso foi bem pessoal, pois percebi que o público vibrou e riu um monte com essa cena em particular (vai ver sou só eu que estou ficando velha e rabugenta). Enfim... o filme é divertidíssimo, bom demais, ultra criativo e um contraponto ótimo à ideia de multiverso já desenvolvida pelo MCU. Recomendo demais e aconselho que seja visto no cinema, acompanhado de um enorme pote de pipocas!!!! Divirtam-se!!!!
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