Filme do dia (02/2022) - "Um Lugar Silencioso - Parte II", de John Krasinski, 2020 - Após a morte de Lee (John Krasinski), o restante da família Abbott precisa abandonar sua antiga residência - destruída pelas criaturas - e buscar refúgio em outro local. Em busca de um lugar seguro, Evelyn (Emily Blunt) descobrirá que as criaturas não são as únicas ameaças.
Continuação do tenso e perfeito "Um Lugar Silencioso" (2018), o filme dá continuidade à verdadeira saga da família Abbott pela sobrevivência. Como na obra anterior, os sobreviventes precisam se esgueirar pelo mundo, sem emitir qualquer ruído, fugindo de terríveis e mortais criaturas que se guiam pelo som. Se o filme inicial foi irretocável, não podemos dizer o mesmo desta continuação. Não diria que o filme é ruim, pois mantém a mesma tensão típica dos terrores psicológicos que marcou a primeira obra, mas percebo algumas fragilidades no roteiro - pequenas inconsistências, quase todas vinculadas à personagem Regan, a filha surda do casal Abbott, ou ao personagem Emmett, introduzido nesta obra, como, por exemplo, diálogos entre Evelyn e Emmett que Regan não teria como saber o conteúdo, já que é surda e não estaria em posição possível de fazer leitura labial, dentre outras inconsistências. Por outro lado, o filme acerta em trazer o elemento humano, já que não existe risco maior do que humanos decididos a sobreviver, mesmo que, para isso, precisem prejudicar o coleguinha (algo amplamente trabalhado em outras obras, como na série televisiva "The Walking Dead") - ainda assim, achei que a boa ideia poderia ter sido melhor explorada. O filme tem um ritmo bem variado - há momentos mais lentos, onde impera o suspense e as coisas acontecem vagarosamente, há outros em que o ritmo acelera e se torna frenético, onde diferentes ações ocorrem ao mesmo tempo. A atmosfera, por seu turno, é constantemente tensa, daquelas que o espectador suspende a respiração, com medo do que trará a próxima cena. Tirando uma breve introdução, o tempo é linear, rico em paralelismos (ações que acontecem simultaneamente, mas em "núcleos" diversos). Tecnicamente, o filme conta com efeitos visuais de ótima qualidade - as criaturas são bem feitas e convincentes, mas preferia que elas aparecessem um pouco menos, ao estilo "Alien, o Oitavo Passageiro" (1979), por puro efeito psicológico, já que a imaginação é infinitamente mais criativa que qualquer efeito especial. A obra traz uma edição de som impecável - muito da tensão do filme pode ser atribuída à construção sonora da narrativa, o que já havia acontecido na produção anterior. O elenco traz novamente Emily Blunt como a mãe Evelyn, Millicent Simmonds como Regan e Noah Jupe como Marcus, todos bem em seus papeis, com óbvio destaque para a ótima Emily Blunt; John Krasinski aparece em uma única cena, provavelmente reaproveitada do primeiro filme, numa rápida introdução; Cillian Murphy surge como o personagem Emmett e me surpreendeu por mais de um motivo (sem spoilers). O filme não é ruim, mas eu diria que é "mais do mesmo" e, claro, perdeu o impacto que o primeiro trouxe. Fãs de filme de terror psicológico (o meu caso), certamente irão curtir; quem gosta mesmo de jumpscare, provavelmente vai torcer o nariz para o filme, pois são poucos os sustos. Eu recomendaria para os primeiros e exclusivamente para quem viu a primeira obra (pois acredito que assistir ao segundo sem entender direito o contexto transformará o filme numa bomba). Em todo caso, eu gostei, mas sem muita empolgação.
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