Filme do dia (143/2016) - "Um Rei em Nova Iorque", de Charles Chaplin, 1957 - O rei Shadov (Charles Chaplin) foge de seu reino ao estourar uma revolução no seu país, instalando-se em Nova Iorque. Financeiramente quebrado e estranhando os hábitos locais, Shadov tenta viver no novo país e entender seu estranho povo.

Esta obra, apesar de não estar à altura de outras do gênio, ainda merece muita atenção, em especial pelo teor político que possui. Chaplin, que há anos vivia nos Estados Unidos, teve, em 1952, enquanto se encontrava na Europa divulgando "Luzes da Ribalta", seu visto de entrada naquele país suspenso - em outras palavras, Chaplin foi expulso dos Estados Unidos. Sua "resposta" veio, anos depois, com o filme "Um Rei em Nova Iorque". O filme é, certamente, uma sátira a inúmeras e diferentes coisas. Temos uma crítica feroz aos excessos da publicidade e do marketing, à invasão da privacidade dos reality shows, ao culto à aparência jovem e dentro de determinados padrões estéticos. Mas a grande crítica que o filme faz é, definitivamente, ao Macarthismo e à caça às bruxas decorrente dele. É interessante como o pequeno Rupert Macabee (vivido pelo filho de Chaplin, Michael) é o alter ego do diretor - o menino dá voz às convicções político-ideológicas de Chaplin e é responsável pela melhor frase do filme ("É preciso ser comunista para ler Karl Marx?" - cirúrgico!). A cena mais sintomática do posicionamento político do diretor é aquela onde Shadov tem de se apresentar à comissão que o investiga - sem "spoilers", a cena é ótima e diz tudo o que o mestre achava daquilo tudo. Questões políticas à parte, o filme contém ótimas piadas, inclusive com evidente aproximação de suas origens no cinema mudo. Só dói na alma ver Chaplin tãããão velhinho, ainda mais sabendo que este é o seu último filme como protagonista (vou precisar rever toda a sua obra uma vez por ano, ao menos, para o resto da minha vida!!!). Recomendo para quem quer se aprofundar na obra do gênio.
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