Filme do dia (327/2021) - "Um Tiro na Noite", de Brian De Palma, 1981 - Jack Terry (John Travolta) é um sonoplasta que, em uma noite em que gravava sons da natureza, acaba gravando o som de um acidente. No entanto, ao ouvir com atenção a fita gravada, percebe que o acidente foi causado por um tiro. Ele tenta alertar a polícia, mas é tido como maluco. Parte, então, para sua própria investigação, decidido a descobrir a verdade dos fatos.
Se "Dublê de Corpo" (1984) é um evidente tributo a Hitchcock, "Um Tiro na Noite" pode ser considerado uma homenagem a Antonioni e sua obra "Blow Up - Depois daquele Beijo" (1966). No filme de Antonioni, um fotógrafo capta com sua lente aquilo que ele acredita ter sido um assassinato. No filme de De Palma, o fotógrafo dá lugar ao sonoplasta, mas a certeza de ter sido testemunha de um assassinato permanece. O nome original da obra - "Blow Out" - também é clara referência àquele filme, muito embora os estilos e os desfechos sejam bastante diferentes. Como em "Dublê de Corpo", De Palma volta a fazer um filme metalinguístico, pois também há, aqui, momentos de intersecção entre a realidade daquele universo ficcional e o filme que é feito dentro dele. A narrativa é linear, em ritmo bem marcado e numa atmosfera ultra tensa. O roteiro se desenvolve bem, arrebatando o espectador que passa a temer pela vida dos personagens. O filme brinca muito com a sonoridade - e nisto lembra a obra "A Conversação", de Francis Ford Coppola (1974) - e eu adoraria ser menos "surda para cinema" para poder discorrer mais sobre o assunto. A fotografia da obra é ousada, buscando sempre ângulos diferentes e posições de câmera criativas e sofisticadas, evidenciando a preocupação do diretor pela perfeição formal. O elenco traz, como Jack Terry, um John Travolta inspirado - o personagem é um idealista que tem, no seu histórico, um evento traumático; inconformado com o assassinato que registrou em sua fita de áudio e com a descrença da polícia, ele se aplica em fazer sua própria investigação, mesmo que se coloque - e a outras pessoas - em perigo. Travolta é feliz em sua interpretação e rapidamente atrai o espectador, que passa a torcer por Jack Terry; Nancy Allen interpreta Sally - talvez por ter achado a personagem uma chata sem noção, eu não curti muito o trabalho da atriz; John Lithgow interpreta o assassino Burke - eu gosto muito deste ator, eu o acho subvalorizado, e sua interpretação do assassino impiedoso está, na minha opinião, ótima. O desfecho - amargo, quase cruel - me pegou de jeito e eu acredito que não poderia ser melhor. Eu não conhecia essa obra de De Palma e fiquei bastante envolvida pela história - um thriller arrebatador!!! Curti demais e recomendo!!!!
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