"Vagas Estrelas da Ursa", de Luchino Visconti, 1965
- hikafigueiredo
- 28 de set. de 2019
- 2 min de leitura
Filme do dia (46/2015) - "Vagas Estrelas da Ursa", de Luchino Visconti, 1965 - Sandra (Claudia Cardinale), em companhia de seu marido Andrew (Michael Craig), retorna ao palácio onde passou sua infância e juventude, para promover um evento relacionado ao seu pai, morto em um campo de concentração. No local, reencontra seu irmão Gianni (Jean Sorel) e os fantasmas do passado.

Vencedor do Leão de Ouro no festival de Veneza, esta é mais uma obra prima do mestre Visconti. É simplesmente impossível reproduzir em palavras a magnificência de mais este filme do diretor, tal como todos os demais títulos de Visconti. Vagarosamente e com extrema sensibilidade, o diretor desconstrói uma situação de aparente felicidade e completude, lançando os personagens em um redemoinho de emoções, recordações e revelações, trazendo à tona os mais sombrios sentimentos daqueles. Mais uma vez, o mestre discorre acerca dos amores e desejos proibidos, reprimidos, escondidos e vergonhosos, acerca da mentira e da hipocrisia a serviço da família e sociedade, acerca da decadência e desagregação familiar, temas já desenvolvidos em "Morte em Veneza" e "Deuses Malditos" e, em parte, também, em "O Leopardo". Através de pequenos detalhes - uma frase aqui, um gesto ali - o diretor vai, paulatinamente, revelando os segredos dos personagens, até escancarar, abertamente, aquilo que, por tanto tempo, foi ocultado. Se eu continuar a comentar o filme, vou acabar deixando escapar um tremendo spoiler, então paro por aqui (rs)! Mas deixo claro que não é um filme que mereça ser visto - como tudo o que eu já vi do diretor, é uma obra essencial, uma lição de cinema, uma obra de arte!!!! Deixando a história de lado, tecnicamente o filme é perfeito - para variar, a direção de arte é impecável, apesar de estar um pouco aquém dos outros filmes do mestre. A fotografia P&B, extremamente contrastada, remete à própria história e seu jogo de esconder/revelar constante. A trilha sonora clássica, marca do diretor, permanece também nesta obra. Os atores - em especial Claudia Cardinale e Jean Sorel, ambos lindíssimos - estão magníficos em seus personagens e tudo se revela através de olhares e movimentações corporais. Em suma, o filme é irretocável e obrigatório. Recomendo muitíssimo. Pensando bem, não recomendo - é uma ordem!!!! Vão já, todos os que lerem isso, assistir os filmes do mestre e descobrir porque o cinema é considerada a 7a arte!!!!!!
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