Filme do dia (292/2021) - "Venom: Tempo de Carnificina", de Andy Serkis, 2021 - 1996. Em um reformatório para jovens infratores, a mutante Shriek (Naomie Harris) é transferida para um local secreto, sendo afastada do serial killer Cletus Kassady (Woody Harrelson), seu apaixonado namorado. Vinte e cinco anos depois, Cletus, em vias de ser executado por seus crimes, pede para conversar com Eddie Brock (Tom Hardy) para contar-lhe sua história. Enquanto isso, Eddie luta para colocar Venom sob algum controle.
Antes de mais nada, em minha defesa, eu fui assistir ao segundo filme da franquia Venom por insistência da filha que, embora considerasse a obra inicial meia-boca, acabou por se divertir no cinema. Eu concordei porque, admito, o primeiro filme também me entreteve e achei que o segundo também poderia me divertir. Well... o filme é pura diversão, tem algumas cenas engraçadas... mas, vamos combinar, é ruim de dar dó. Eu diria que o roteiro é esgarçado, isto é, ele tem certa unidade, mas é uma unidade frágil e basta forçar minimamente que ele rasga e deixa um buraco. A história tem pontas soltas, detalhes que fogem à lógica e cenas que exageram no tom, forçando uma comicidade não muito natural. O anti-herói Venom ganha um humor excessivo - como aconteceu com o herói Thor no filme "Ragnarok" - perdendo um pouco do seu lado mais sombrio e irônico, o que não me agradou. Confesso, também, que minha memória não é das melhores e, por isso, não consegui ver muita unidade com a primeira obra (aí não posso garantir se houve realmente uma "quebra" na unidade das obras ou se é a minha memória de peixinho dourado que está me traindo). Como em dezenas de filmes do gênero, a preocupação está muito mais em fazer cenas de ação mirabolantes e espetaculares do que em criar um roteiro coeso e bem desenvolvido - coloca aí uma sequência de luta encarniçada, com os oponentes sendo arremessados de um lado para o outro, muitas explosões, fogo a valer e efeitos especiais aos borbotões e está pronto! SQN. Mesmo os efeitos especiais se mostraram irregulares - alguns muito bons, outros bem ruinzinhos (me incomodaram algumas cenas em que Eddie segura a cabeça de Venom, onde fica muito evidente tratar-se de uma peça de borracha - ou algo do gênero- sei lá, ficou tosco). A qualidade discutível do filme surpreende quando olhamos o elenco - temos ótimos profissionais como Tom Hardy, Woody Harrelson, Michelle Williams (que é uma atriz maravilhosa!!!) e Stephen Graham, mas isso não é suficiente para trazer maiores virtudes à obra. No cômputo geral, diria que quem se saiu melhor em seus papéis foi Tom Hardy (que parece se divertir fazendo o personagem Eddie) e Woody Harrelson (afinal, o ator é especialista em fazer personagem maluco e/ou esquisito). Michelle, que é uma atriz incrível, me parece tão deslocada naquela personagem, que dói na alma lembrar de seu trabalho em filmes como "O Segredo de Brokeback Montain" (2005), "Namorados para Sempre" (2010) ou "Manchester à Beira-Mar" (2016) - que desperdício de talento. Em suma, o filme - claro! - vai divertir a moçadinha mais nova que só quer se entreter com um filme bem bobinho e fácil, mas, quem, como eu, gosta de ser desafiado por uma história bem contada, provavelmente vai sair meio frustrado do cinema. Sem odiar o filme, apenas não o recomendo.
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