top of page
  • hikafigueiredo

"Waking Life", de Richard Linklater, 2001

Atualizado: 24 de jul. de 2020

Filme do dia (292/2020) - "Waking Life", de Richard Linklater, 2001 - Um rapaz dorme e, em seu sonhos, encontra inúmeras pessoas discorrendo sobre uma infinidade de temas. Ele tenta acordar, mas a cada despertar descobre que ainda está no sonho.




Uuuuuuffffff! Que obra exaustiva, ainda que bastante interessante!!! Trata-se de uma animação com o evidente objetivo de levantar questões filosóficas acerca da vida, da morte, da continuidade, da impermanência e de mais um milhão de temas, quase todos interligados através da ideia da "existência humana". Isso é interessante, claro, mas, para mim, o problema residiu no bombardeamento de questionamentos e não ter tempo suficiente para digerir, rebater ou aprofundar nenhuma das ideias, uma vez que, logo em seguida viria outra questão, e depois outra, e outra. Logo no começo da obra, eu ainda tentei extrair dos diálogos (hmmm, estão mais para monólogos, pois o personagem, na maioria das vezes, não rebate as ideias, apenas ouve) todo o seu significado, tentando absorver as ideias expostas para, em seguida, refletir sobre elas, mas logo percebi que não teria tempo útil para fazer um aprofundamento de nada que fosse dito, nada. Talvez seja um filme para se ver aos poucos, cena por cena, para poder fazer uma reflexão decente sobre aquilo que está sendo falado. Lá pelas tantas eu passei a apenas "receber" as falas, sem tentar compreendê-las de maneira aprofundada e, por vezes, nem mesmo superficial. Outra coisa que eu achei meio complicado é que há uma infinidade de citações acerca de diversos autores, filósofos, teóricos que vão de São Tomás de Aquino a Sartre, de Thomas Mann a André Bazin, de Platão a Billy Wilder e por aí afora, sendo impossível acompanhar o raciocínio ou alcançar todas as correntes de pensamento ou teorias... tiveram momentos em que me senti lendo um texto de Florestan Fernandes, ou seja, perdidinha... rs. A melhor opção foi se deixar levar, sem se preocupar em entender tudo que era dito, vagando pelas ideias tal qual o personagem em seu sonho eterno. À parte os devaneios filosóficos, o "formato" da animação também é bem bacana. Se bem entendi, as cenas são "desenhadas" - ou melhor dizendo, animadas - a partir de cenas filmadas com pessoas reais. Ainda que a maior parte das cenas seja bastante realista, há momentos onde predomina a fantasia e perde-se esse "gancho" com o real. Da mesma forma, ainda que exista um traço predominante, há espaço para diferentes tipos de desenho e é perceptível os diferentes estilos de diferentes animadores. Tratando-se de um sonho (dentro de um sonho dentro de um sonho...), as imagens não são exatamente fixas, há um "balançar" eterno, como se estivéssemos dentro de um barco. Eu, que tenho labirintite em qualquer embarcação, tive sincero receio de enjoar durante o filme, coisa que, graças à deusa, não aconteceu, mas tive, durante o filme todo, uma certa sensação de embriagamento. Acompanhando as imagens, quase o tempo todo, temos uma trilha sonora baseada em tangos, o que traz muita energia e dramaticidade à obra (inclusive tem uma cena onde as pessoas estão dançando tango). Interessante perceber, por sob a animação, quem serviu de "base" para o desenho, ainda que eu só tenha reconhecido o Ethan Hawke e a Julie Delpy (vi que tinha outros famosos, como o Steven Soderbergh, mas não conseguiria reconhecê-los, além de vários outros desconhecidos). O diretor é o mesmo da "trilogia do antes" (e daí explica-se a presença de Hawke e Delpy) e do excelente "Boyhood" (2014). A obra é bem legal, mas me deixou exausta, sério. Talvez não seja filme para se ver de uma tacada só, sei lá... Recomendo para quem quer fritar os neurônios.

2 visualizações0 comentário

Comentários


bottom of page