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“Woman and Child”, de Saeed Roustayi, 2025

  • hikafigueiredo
  • há 2 dias
  • 2 min de leitura

Filme do dia (93/2025) – “Woman and Child”, de Saeed Roustayi, 2025 – Mahnaz (Parinaz Izadyar) é uma enfermeira iraniana, viúva, que luta para criar sozinha os dois filhos. Seu noivo Hamid (Payman Maadi) a pressiona para que eles se casem e convencida a fazer isso, Mahnaz promove um encontro familiar para oficializar o compromisso. A reunião terá profundas consequências na vida de Mahnaz e de toda a sua família.


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Mais uma obra que faz o espectador se encher de raiva, o filme discorre sobre diversas formas de luto e da reconstrução necessária após sofrermos uma ou mais perdas nas nossas vidas. A personagem Mahnaz vai passar por um calvário, quando uma reunião familiar para tratar de seu casamento com seu noivo Hamid desdobra-se em diversas consequências extremamente negativas para a protagonista. Lidando com dores emocionais excruciantes, com as fases do luto, com a frustração de ver seus inúmeros sonhos caírem por terra, Mahnaz começa a travar uma batalha em busca do que ela acredita como justiça, sendo, por vezes, traída pelas pessoas mais próximas. A história se desenvolve por caminhos um tanto indigestos e o espectador vai vivenciar a indignação de Mahnaz diante de tantas injustiças, dores e traições. Considerando o desenrolar da narrativa, podemos dizer que o filme também discorre sobre resiliência, reconstrução, tomada de (boas ou más) decisões, justiça versus vingança, rede de apoio, respeito à memória, relacionamentos tóxicos, manipulação e influência sobre terceiros e a importância da família, em especial naquela sociedade em que Mahnaz vive. A narrativa, linear, segue um ritmo intenso, fugindo da clássica lentidão dos filmes orientais. Como é comum no cinema iraniano, os problemas acontecem “em cascata”, e tudo se torna mais complexo e irreversível a cada instante. A atmosfera geral é de desespero, raiva e indignação – não só para a protagonista, mas, talvez principalmente, para o espectador. Eu admito que fiquei enfurecida com o que acontece com Mahnaz, ainda que veja equívocos crassos em sua conduta – a personagem culpabiliza as pessoas erradas pelas suas dores, buscando não justiça, mas vingança, e “alivia”, em parte, para o personagem que, na minha opinião, deu início a todos os problemas. Também confesso que, para mim, o desfecho da obra foi excessivamente conciliador e minha alma bélica não aceitou isso muito bem – fosse comigo, acho que eu teria “rodado a baiana” e não ia ter conciliação nem aqui, nem na China (isso se não terminasse presa, condenada à morte... rs). Ainda que tenha um certo exagero, eu achei um roteiro bom e bem desenvolvido, que prende e instiga o espectador. Eu também gostei muito do trabalho dos intérpretes, em especial as atuações de Parinaz Izadyar como Mahnaz – ela tem um olhar muito expressivo, que mistura dor e ódio visceral, e que vem muito a calhar para a personagem; e de Payman Maadi – o ator consegue personificar tantos defeitos morais masculinos, que bateu aqui no meu fígado brasileiro ao imaginar o estrago que ele faria em uma sociedade ainda mais machista que a brasileira, como a iraniana!!! O filme me prendeu profundamente e me fez pensar em várias questões. Eu gostei bastante (apesar de passar raiva). Oitavo filme visto na 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

 
 
 

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