Filme do dia (110/2019) - "Yesterday", de Danny Boyle, 2019 - Jack Malik (Himesh Patel) é um músico medíocre que busca, há dez anos, alcançar algum sucesso e reconhecimento. No entanto, apesar dos esforços de sua amiga e empresária Ellie (Lily James), sua carreira continua inexistente. Certo dia, após sofrer um acidente durante um apagão de energia no planeta, Malik descobre que os Beatles jamais existiram, muito embora ele continue a se recordar de suas músicas, o que lhe dá uma terrível ideia.
A obra possui uma premissa tão estranha, quanto interessante: e se alguns marcos da cultura ocidental contemporânea jamais tivessem existido? O que seria da vida sem Os Beatles, dentre outros símbolos culturais que, no filme, deixaram de existir? O que alguém poderia fazer com esse conhecimento "perdido" em uma realidade paralela? O filme não tenta explicar a metafísica da coisa - como Jack se lembra de algo que jamais existiu naquela realidade? -, focando mais na questão ética envolvida, já que Jack passa a ostentar como suas as músicas excepcionais da banda agora inexistente. Ainda que o argumento seja bem interessante e divertido, o filme acaba enveredando por um terreno que eu, via de regra, acho um porre - o romance. Deixando um pouco de lado o mote principal, a obra passa a priorizar a relação amorosa truncada de Jack e Ellie, o que, na minha modesta opinião, foi um erro, pois deixou de aproveitar o que o filme tinha de melhor para cair numa mesmice sem tamanho. Para mim, o resultado foi um começo instigante e engraçado que, paulatinamente, se transformou em algo desinteressante. O desfecho - que eu temia, profundamente, que se transformasse em algo muito clichê - foi melhor do que eu previa, mas não salvou-se do romance meloso - argh. Destaques positivos: a crítica à indústria fonográfica (que tal mudar de "Hey Jude" para "Hey, dude", rs?), a simpatia do ator Himesh Patel, ótimo como Jack Malik, a presença de Ed Sheeran interpretando a si mesmo (e, de certa forma, reverenciando o talento e magnitude dos Beatles) e, evidentemente, a trilha sonora maravilhosa, quase que exclusivamente da banda. O filme é bonitinho, mas poderia ter sido muito melhor desenvolvido não fosse o romancinho água-com-açúcar pelo qual se enveredou. Recomendo para quem curte filmes leves e românticos (e, lógico, para fãs das músicas dos Beatles).
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